Petistas negam envolvimento em distribuição de lista de Furnas

São Paulo – Representantes da Comissão Executiva Nacional do PT negaram hoje que o partido esteja envolvido na distribuição da lista contendo 156 nomes de políticos que teriam se envolvido em um esquema de financiamento irregular de campanha ligado a Furnas na campanha de 2002. Todos rejeitaram a idéia de que o partido teria contribuído para a divulgação.

Pouco antes de ser iniciada a primeira reunião da executiva petista de 2006 o secretário de Finanças do partido, Paulo Ferreira, brincou: "Com a lista de Furnas, ficou mais fácil falar". Apesar de ressaltar que ainda é preciso investigar a veracidade do documento, Ferreira afirmou que isso ajuda a comprovar que as irregularidades no financiamento de campanha não são atributo exclusivo do PT.

Ao comentar o escândalo do mensalão, que começou em junho do ano passado, Ferreira afirmou que desde o princípio o PT colocou esta questão como "parte da cultura política nacional". "Não se tratava, naquele momento, de um fenômeno relacionado única e exclusivamente ao PT". Questionado sobre a possibilidade de o partido ter contribuído para a distribuição do documento, Ferreira insistiu: "A lista preexistia, supostamente ela tem origem em um ex-funcionário de Furnas. O PT não tem absolutamente nada a ver com a divulgação desta lista".

O secretário de Comunicação e ex-ministro do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Humberto Costa, acrescentou que não tem conhecimento de qualquer relação do partido com o documento e ressaltou que o vínculo lembra o fato de o PT ter sido vítima de diversas denúncias não fundamentadas ao longo dos últimos meses. "Eu ignoro que tenha partido do PT qualquer tipo de lista até porque o partido tem sido vítima de várias denúncias sem fundamentação.

O secretário-adjunto de Organização, Francisco Campos, também negou o envolvimento do PT. "De qualquer maneira, a lista mostra que o PSDB e o PFL, que esse quadro de valerioduto, vem da época do governo Fernando Henrique Cardoso."

Da mesma forma, o terceiro vice-presidente, Jilmar Tatto apontou o peso da notícia sobre a oposição, insistindo, no entanto, na necessidade de investigar a informação. "Tem que apurar a veracidade, mas há fortes indícios de que (o documento) é verdadeiro", afirmou Tatto. "Mas eu acho que a oposição foi pega". Questionado sobre a possibilidade de o PT ter se envolvido na distribuição da lista, Tatto insistiu que no jogo político é de se esperar que a oposição tente desqualificar a denúncia.

A deputada federal Maria do Rosário, que ocupa a segunda vice-presidência do PT, também negou que a legenda tenha contribuído para a veiculação dos nomes, mas insistiu que este é o momento de outros partidos se explicarem à sociedade, assim como fez o PT diante do escândalo do mensalão. "Ao longo deste último período, o PT foi o prato do dia e foi dilacerado", afirmou a deputada. "Agora começou a chover granizo em cima dos tucanos e eu acho que eles terão grandes explicações para dar."

A reunião da Comissão Executiva do PT foi iniciada há pouco, na sede do Diretório Nacional do partido, na capital paulista. O presidente nacional da legenda, Ricardo Berzoini, chegou bem cedo ao local, antes que a imprensa comparecesse para a cobertura do evento. O assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia, também consta na lista de presença mas não quis falar com os jornalistas.

O encontro deve se estender até o final do dia e englobará discussões sobre a situação política e as eleições deste ano, sobre o Fórum Social Mundial, encerrado recentemente em Caracas, na Venezuela, o planejamento das secretarias petistas para 2006 e os detalhes do encontro nacional da legenda que será em abril.

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