Pessuti critica barreiras aos produtos industrializados no Paraná

O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Orlando Pessuti, criticou nesta segunda-feira (24), durante sessão na Assembléia Legislativa, as barreiras impostas pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul a todos os produtos de origem animal do Estado por causa da suspeita de febre aftosa em apenas 19 dos 5,1 mil animais do rebanho paranaense.

Pessuti afirmou que o governo está solicitando aos secretários de agricultura desses Estados que a restrição ocorra apenas aos produtos que ofereçam riscos reais de contaminação, como determina o Ministério da Agricultura e a Organização Mundial de Saúde Animal.

?Não faz sentido o governo paulista liberar a exportação de carne do Mato Grosso do Sul através do porto de Santos e proibir a entrada de produtos ou sub-produtos paranaenses industrializados ? como o leite em pó ou carnes maturadas ? que não oferecem qualquer risco de contaminação. Isso não é restrição, mas sim retaliação?, afirmou.

Exames

O secretário reafirmou que o governo deve receber esta quarta-feira (26) os resultado dos exames dos 19 animais suspeitos de aftosa no Paraná. Ele também criticou a demora do Ministério da Agricultura e do governo de Mato Grosso em alertar o Paraná e os outros Estados sobre o surgimento da doença no Mato Grosso do Sul.

Pessuti lembrou que o surto da aftosa pode ter surgido na cidade de Japorã (MS) em setembro e não em outubro, como foi divulgado pelo Ministério da Agricultura e pelas autoridades sanitárias daquele Estado. Naquele mês, a proprietário das fazendas Santo Antônio e São Benedito já havia observado sinais que seu rebanho estava contaminado, como mostrou o programa Globo Rural de domingo (23).

?Houve falha do pecuarista e depois do governo de Mato Grosso do Sul e também do Ministério da Agricultura, que deviam ter alertado sobre as suspeitas do surgimento da aftosa. Caso isso tivesse ocorrido, teríamos proibido que os animais que participaram da Feira Eurozebu, em Londrina, contaminassem as propriedades do Paraná?, afirmou.

Pessuti explicou que o Paraná só foi avisado do foco de aftosa no Mato Grosso do Sul no último dia 9, mesmo dia em que os 19 animais comprados em Londrina deixaram a feira e quando também começaria os leilões de gado da raça Limosin.

A partir do dia 10 passado, todas as propriedades que receberam animais do Mato Grosso do Sul ou que tiveram gado da raça Limosin exposto na feria de Londrina foram interditadas e estão sendo monitoradas. Alguns animais também foram retidos após o fim da feira agropecuária de Toledo porque vieram de Itaquiraí, no Mato Grosso do Sul. Até agora, nenhum deles apresentou os sintomas.

?De 70 propriedades, apenas em quatro os animais apresentaram a sintomatologia de aftosa. São 19 animais suspeitos num rebanho de 5,1 mil cabeças?, ressaltou Pessuti, ao afirmar que há 10 anos o Paraná não apresentava a doença.

Ele lembrou também que o Paraná é o único estado brasileiro que dispõe de Fundo de Desenvolvimento Pecuário (Fundepec) que acumula hoje cerca de R$ 20 milhões e que os recursos podem ser utilizados para indenizar os criadores caso eles sejam obrigados sacrificar animais contaminados pela febre aftosa. O fundo é formado por 11 entidades privadas.

Recursos

Orlando Pessuti reafirmou aos deputados estaduais que entre 2003 e 2004 o Estado não recebeu verbas do Governo Federal para investir em sanidade animal. No mesmo período, o Paraná aplicou R$ 57 milhões do cofre estadual na sanidade animal.

?Em 2004, o Ministério da Agricultura ofertou perto de R$ 600 mil ao Paraná. Mas os secretários de Agricultura do país decidiram que o melhor era enviar os poucos recursos às regiões Norte e Nordeste para conter o foco de aftosa que havia surgido no Pará?, explicou.

O secretário também está alertando o governo federal sobre o risco de contaminação da gripe do frango no três Estados do Sul e da aftosa nos rebanhos de suínos do Paraná. ?Isso nos preocupa porque em ambos os setores somos os líderes nacionais na produção?.

Pessuti também defendeu a proposta defendida pelo governador Roberto Requião que os R$ 1,5 milhão destinado ao Paraná seja enviado ao Mato Grosso do Sul. ?Não queremos polemizar sobre esses recursos. Se o governo federal quiser ampliar os investimentos acima dos R$ 57 milhões que o Paraná já aplicou na sanidade animal, os recursos serão bem-vindos. Mas neste momento o melhor é que este R$ 1,5 milhão seja enviado ao Mato Grosso do Sul, onde a aftosa já está confirmada?, disse.

Voltar ao topo