Pesquisa revela que uso de preservativos é maior entre adolescentes

Mais jovens e mais preparados. A segunda pesquisa feita pelo Ministério da Saúde sobre comportamento sexual dos jovens mostra que adolescentes entre 16 e 19 anos usam mais a camisinha do que os mais velhos, entre 20 e 24 anos. E o uso vem crescendo: entre 1998, quando foi feita a primeira pesquisa, 47,8% dos adolescentes tinham usado preservativo na primeira relação. A deste ano mostra que 65,8% o fizeram.

O estudo foi feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento com base em questionários feitos pelo Ibope entre junho e agosto deste ano. A pesquisa engloba mais de 300 questões sobre sexualidade, feitas 5.040 pessoas entre 15 e 65 anos.

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde apresentou apenas a parte relativa aos mais jovens, até 24 anos. Os resultados mostram uma mudança de comportamento constante em relação à Aids e ao preservativo. Quanto mais novos, mais os entrevistados mostraram familiaridade com dados sobre a Aids e a necessidade de usar camisinha.

O uso da proteção não aparece apenas na primeira relação. A pesquisa mostra um uso bastante regular. Mais da metade dos meninos entre 15 e 19 anos afirmaram usar sempre o preservativo, em todas as relações. Entre os mais velhos, de 20 a 24 anos, apenas 38% declararam usar sempre.

As mulheres ainda afirmam usar menos. Apesar de ter havido também um crescimento entre 1998 e 2005, apenas 32,6% das meninas até 19 anos disseram usar sempre. Até 24 anos, o índice cai para 23,4%.

O diretor do Programa Nacional de DST e Aids, Pedro Chequer, afirma que o aumento do uso de preservativos entre os jovens se reflete nos números da epidemia de Aids no Brasil. Os novos casos entre adultos jovens vêm caindo. "A realidade nessa faixa se contrapõe às características da epidemia nas faixas etárias mais elevadas, nas quais a menor freqüência do uso do preservativo leva a uma maior ocorrência de casos de Aids", disse.

Os números mais recentes, divulgados na semana passada, mostram que o número de novos casos da doença em homens de 13 a 29 anos caíram de 5.028 em 1998 para 3.671 em 2004. Entre mulheres, a redução foi menor. Na faixa etária de 13 a 24 anos, os novos casos caíram de 1.483 para 1.455.

Entre as razões dadas para não ter usado o preservativo na primeira relação, meninos dão como principal o fato de não tê-la na "hora h". Entre as meninas, porque não lembraram. Mas a coordenadora da pesquisa, Elza Berquó, chama a atenção para a segunda razão mais citada: quase um terço das meninas disse que não usou porque "confiava no seu parceiro". Entre as mais velhas até 24 anos, essa foi a principal razão. "As mulheres precisam ser menos ingênuas e desconfiar mais de seus parceiros", disse Elza.

O estudo mostra, também, que na maioria dos casos a negociação é feita de comum acordo entre os dois parceiros. Mas, entre os meninos até 19 anos, 35,7% disseram que eles propuseram o uso. Entre as meninas na mesma faixa etária, apenas 19% disseram ter proposto elas mesmas.

O estudo mostrou, ainda, uma queda significativa no número de jovens que já fizeram o teste de Aids. Entre os homens de 16 e 24 anos com ensino médio completo, essa pesquisa mostrou que apenas 20,9% fizeram o teste. Em 1998, eram 40,2%.

Entre as meninas, a diferenças maiores aconteceram nas consideradas analfabetas funcionais e entre as com apenas o ensino fundamental completo. "Não temos uma resposta pronta para isso, mas imaginamos que, como o uso do preservativo esteja mais difundido, os jovens se sintam mais protegidos e sintam menos necessidade de fazer o teste", disse o ministro da Saúde, Saraiva Felipe.

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