Partido de Evo obtém controle da Constituinte boliviana

Em meio a uma sessão tumultuada – marcada por um grave acidente que deixou em coma o líder da bancada governista -, o Movimento ao Socialismo (MAS), partido do presidente Evo Morales, aprovou em primeira instância uma norma que lhe permitiria controlar totalmente a Assembléia Constituinte boliviana que funciona em Sucre. A oposição se retirou da sessão e, no meio da confusão, o líder do MAS Román Loayza caiu num fosso de dois metros e bateu a cabeça. Seu estado é grave.

O MAS tem 137 das 255 cadeiras da Constituinte. Segundo a oposição, a Constituição vigente, de 1967, e a lei que convocou a Assembléia Constituinte prevê que os artigos da nova Carta terão de ser aprovado por dois terços dos deputados eleitos em 2 de julho. A interpretação do MAS, expressada hoje pelo vice-presidente Álvaro García Linera, é a de que apenas o texto final do projeto de Constituição terá de ser ratificada por maioria de dois terços. Pelas normas aprovadas na madrugada de hoje, numa sessão de mais de 12 horas, os artigos serão votados um a um e aprovados por maioria simples, de 50% mais 1 voto.

Os deputados constituintes da oposição se retiraram em bloco do plenário e seus líderes prometem iniciar uma campanha internacional para denunciar a tentativa do governo de usurpar os poderes da Assembléia. "A Assembléia Constituinte perdeu toda a legitimidade e caiu no limbo da ilegalidade", declarou o deputado da aliança opositora Poder Democrático e Social (Podemos) Antonio Aruquipa, acrescentando que há o risco de que Evo "feche o Congresso Nacional (que funciona em La Paz) e passe a governar por decreto constitucional". A oposição também denuncia um plano do governo de convocar manifestantes indígenas para Sucre, com o objetivo de pressionar os deputados constituintes.

Também hoje, uma pesquisa indicou a queda de 7 pontos porcentuais na popularidade de Evo, que passou de 68 para 61%.

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