Parlamentares do PT discutem guerra no Iraque com Palocci

A possibilidade da conflagração da guerra no Iraque e suas conseqüências sobre a economia brasileira será tema de debates entre petistas nos próximos dias. Medidas do governo federal para garantir a estabilidade na economia e a preparação de manifestações contra a guerra serão temas da reunião dos deputados e senadores do PT com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, marcada para sexta-feira em Brasília.

Para o deputado federal Fernando Gabeira (PT-RJ), o conflito é iminente. “A guerra é uma questão de três ou quatro semanas. É o tempo dos inspetores da ONU retornarem do Iraque e os Estados Unidos e Inglaterra colocarem o resto de suas forças na região”, disse o parlamentar hoje pela manhã. Gabeira, no entanto, destaca que a ameaça de guerra no Oriente Médio formou o que chama de uma grande coalizão internacional pela paz. “Aqui no Brasil serão feitas manifestações nacionais no dia 15. Na sexta-feira vou propor que o PT prepare esses atos”, afirmou o deputado.

Superávit

Na avaliação de Gabeira, em caso de guerra poderá haver uma retração muito grande dos investidores e o preço do petróleo deve aumentar num primeiro momento. O parlamentar quer discutir com o governo a meta do superávit primário num cenário de conflito e instabilidade. “O governo federal tem a disposição de manter o superávit primário, mas esse desempenho depende da conjuntura. Numa situação mais difícil, o aumento do superávit torna a vida mais difícil. Vamos ter uma reunião com o ministro Palocci na sexta-feira para tratar dessa questão”, revelou o deputado petista.

Palocci vai se reunir na sexta com as bancadas petistas na Câmara e no Senado para explicar a conjuntura econômica nacional e as ações da área neste primeiro mês de governo Lula. O encontro acontecerá no auditório do Espaço Cultural da Câmara, às 10h.

Brasil preparado

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse ontem em Paris que o governo, por precaução, vai sacar os recursos a que o país tem direito no FMI. Palocci garantiu que o Brasil está preparado para a eventualidade da guerra e que pretende anunciar um superávit que demonstre a capacidade do país pagar suas dívidas.

“Não acredito que haja degradação nos fundamentos da economia brasileira por causa de possíveis conflitos. Primeiro, queremos crer que a ONU vai dar um bom caminho para essa questão, mas de qualquer forma nós estamos preparando uma estrutura de ação no campo econômico que possa suportar não esse choque apenas, nós temos sempre possibilidades de choques externos”, disse o ministro à Globonews.

Palocci lembrou que o Brasil já viveu vários choques externos. “Nós faremos o superávit que torne a nossa vida sustentável, inequívoca e, segundo, queremos fazer um superávit que possamos demonstrar que ele é possível. Nós não queremos fazer bravata com números. O acordo com o Fundo, nosso acordo era sacar as partes desse acordo, que são trimestrais, até porque muitas vezes não serão necessários os recursos, mas são uma retaguarda da política fiscal e monetária importante”, afirmou o ministro.

Juros

Para o senador Saturnino Braga (PT-RJ), o principal impacto será na área do petróleo. “Mas o Brasil tem uma produção nacional muito grande e tem condições de absorver esse impacto. No entanto, temo que a situação de guerra influencie uma elevação geral de preços nos mercados internacionais. Daí a decisão do governo de elevar os juros preventivamente. Um novo salto na inflação seria desastroso”, disse o senador petista.

Saturnino faz questão de ressaltar que as restrições fiscais não são iguais à atuação do governo FHC. “A política econômica tem outras vertentes como a ação do Estado alavancando a economia, com o uso de instrumentos como o BNDES e a Petrobrás. A dimensão desenvolvimentista tem de estar presente, mesmo com a dimensão fiscal restritiva, o que constitui uma diferença marcante em relação ao governo FHC”, declarou Saturnino Braga.

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