Parentes de vítimas do Boing da Gol reclamam da Anac

O primeiro dia útil em Brasília, após o acidente com o Boeing da Gol que caiu num local entre Pará e Mato Grosso, foi marcado por um mal estar entre parentes da vítimas do vôo 1907 e autoridades do governo. Parte de uma comissão que representa as famílias, hospedadas na capital, reclamaram de falta de respeito da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por não estarem informando os parentes. No fim da tarde, um grupo conseguiu ser recebido pelo ministro da Defesa, Waldir Pires.

Pela manhã, os familiares divulgaram uma nota se dizendo "indignados" com o fato de a agência ter enviado, no domingo, dois superintendentes para conversar com eles sem preparação para responder às questões e que teriam até usado de arrogância em certos momentos. Eles contaram que somente depois de muita pressão, conseguiram um contato com a diretora da Anac, Denise Aires Abreu. Num dos trechos mais duros da nota, os familiares acusaram a Anac de tratar o assunto de maneira "desrespeitosa" e citando uma declaração atribuída à agência: "Vocês são inteligentes. O avião caiu 11 metros de altura, a 400 quilômetros por hora. O que vocês esperavam, corpos?".

Durante a tarde, a diretora da agência passou em todos os hotéis para conversar com os familiares por mais de cinco horas. "A Anac pediu desculpas por qualquer interpretação errada de que nossas declarações foram desrespeitosas", explicou Denise Abreu em entrevista no fim do dia. A diretora afirmou que não houve arrogância e atribuiu a reação ao choque emocional que as pessoas estão vivendo em razão da tragédia que matou 149 passageiros e seis tripulantes da Gol. "Infelizmente, em razão do local e do difícil acesso houve uma demora na prestação de informações aos parentes, mas não era descaso e, sim, falta de agilidade em as autoridades terem os dados precisos para serem repassados", declarou a diretora.

Segundo a diretora, não há uma determinação legal para que a agência reguladora preste informações às famílias em situações de acidentes aéreos, mas por decisão da diretoria a Anac se comprometeu a passar diariamente detalhes do processo de resgate por meio de uma funcionária da agência que agora permanecerá em um dos hotéis com os parentes. "Não havia frieza, mas ao ser a primeira autoridade a revelar que são mínimas as chances de sobrevivência, a Anac acabou sendo o alvo do legítimo desespero das pessoas", comentou a diretora.

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