Paranaguá: Ibama alerta comunidades afetadas por vazamento de óleo

Técnicos do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Ecoplan visitam hoje comunidades que vivem em locais próximos às baías das Laranjeiras e de Pinheiros, no litoral do Paraná, para alertar sobre a necessidade de suspender pesca e banhos nessas regiões. Desde quinta-feira (18), equipes recolhem animais contaminados pelo óleo combustível que vazou do navio chileno Vicuña, que explodiu no Porto de Paranaguá no último dia 15.

Apesar de não haver vestígios de óleo nesses locais e de a Instrução Normativa 025/04 proibir pesca, ingestão de organismos aquáticos, mergulhos e atividades esportivas na água apenas nas baías de Paranaguá, Guaraqueçaba e Antonina, essas atividades devem ser evitadas também nas outras duas baías.

A bióloga do Ibama Guadalupe Vivekananda explica que o cuidado se deve ao fato de que peixes, aves e outros animais e organismos aquáticos se movimentam e podem carregar partículas do óleo para locais não afetados diretamente. "Nosso alerta diz respeito principalmente à saúde das pessoas. Não queremos que elas pensem nas multas que podem receber e sim nos riscos que correm", ressalta Guadalupe. Segundo ela, o contato com a água contaminada pode provocar dores de cabeça e ardência nos olhos.

As visitas às comunidades têm sido feitas quase todos os dias para esclarecimento de dúvidas. Hoje, os técnicos irão às ilhas das Peças, do Mel, Rasa, da Cotinga e dos Valadares e às comunidades de Piaguera, Amparo, Eufrasino, Almeida, Ponta do Lanço, Mariana, Massarapuã, Itaqui, Guapicum, Tibicanga, Bertioga, Sebuí, Barra do Superagüi, Medeiros, Barbados, Canudal, Vila Fátima, Barra do Ararapira, Europinha, São Miguel e Ponta do Ubá.

Além de orientar sobre os riscos à saúde, a equipe vai pedir às comunidades que fiquem atentas ao aparecimento de animais contaminados, vivos ou mortos, e avisem à equipe de resgate de animais pelos telefones (41) 422-0832 ou (41) 420-3500.

É intenso o trabalho do Grupo de Resgate de Fauna do Ibama no litoral do Paraná. Cosetti Xavier da Silva, coordenadora do Núcleo de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, considera grave o impacto do acidente para a fauna da região.

Até o meio da tarde de ontem (21), 34 animais mortos, entre eles aves, tartarugas, botos e invertebrados, foram encontrados. Cosetti adianta que o número de resgates deve aumentar nos próximos dias, já que a intoxicação é um processo lento e gradativo. "Alguns animais podem começar a sofrer as conseqüências após vários dias de intoxicação", diz. Cosetti explica que a principal via de contaminação dessas espécies se dá pela ingestão da água poluída, contato com a pele e alimentação de animais contaminados.

Outros oito animais capturados com vida ? cinco biguás, um atobá e uma tartaruga verde ? estão sendo tratados por veterinários e biólogos no espaço improvisado do grupo de resgate em Paranaguá. As medidas emergenciais adotadas pelos profissionais envolvidos no tratamento de recuperação são a verificação do comprometimento das vias respiratórias, a temperatura e o peso. Em seguida, os animais são alimentados e medicados. Somente após a reabilitação completa as espécies serão lavadas para retirada do óleo antes de serem devolvidos ao meio ambiente.

Os resgates estão sendo realizados em diversos pontos atingidos pelo produto derramado ? região que vai da baía de Antonina à área leste da Ilha do Mel, subindo até a baía de Guaraqueçaba.

A equipe que trabalha para a recuperação ambiental é formada por cerca de 120 profissionais e voluntários do Ibama e conta com o apoio de organizações não-governamentais (ONGs), além de moradores da região.

O grupo de resgate que trabalha na captura de animais vítimas do derramamento de óleo em Paranaguá pede à população a doação de toalhas velhas para ajudar na recuperação de animais vivos. As toalhas são usadas tanto para aquecer quanto para secar os bichos. O grupo é formado pelo Ibama, pelas ONGs Instituto Ecoplan e SPVS e por técnicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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