Viagem de crianças sem documentos gera tumulto

No último domingo, na rodoferroviária de Curitiba, uma pessoa se dizendo promotor de justiça tentou embarcar para Londrina com três crianças sem autorização da Vara da Infância e Juventude e a documentação necessária. Segundo testemunhas, ele criou um grande escândalo no local, pois berrava com os funcionários da empresa e utilizava o cargo para pressionar, anunciando “que mandaria prender todo mundo”. Depois de uma hora de atraso no embarque dos passageiros, o pai do promotor foi pedir desculpas pela confusão às pessoas que estavam dentro do ônibus. Os funcionários pediram que as bagagens das crianças fossem retiradas do veículo e elas não viajaram. Tudo isso poderia ter sido evitado se o posto da vara ainda funcionasse na rodoferroviária. Há três anos, ele foi desativado e o Juizado da Infância concentrou todas as atividades em um prédio no centro de Curitiba.

Os pais precisam apresentar a identidade e a certidão de nascimento do filho no momento do embarque. Se essa documentação não estiver correta, a criança não pode entrar no ônibus. Quando os pais não acompanham a viagem, eles deverão obter uma autorização na Vara da Infância, levando documentos e determinando qual pessoa será responsável pela criança, parentes próximos como avôs e tios. A permissão demora 48 horas para ficar pronta em casos de viagem dentro do País. Para o exterior, o juiz pode levar até uma semana para expedir a autorização. Esse procedimento deve ser feito até os 12 anos de idade.

A advogada Márcia Caldas, presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Paraná, aprovou a atitude dos funcionários da empresa. “Esta medida é uma lei federal, do Estatuto da Criança e Adolescente, e deve ser respeitada por todos”, afirma. “Além disso, é uma garantia contra o tráfico de crianças, um problema comum há vários anos”, comenta a advogada.

Márcia propõe que as empresas de ônibus perguntem se a passagem que vai ser vendida é para uma criança e já informem a necessidade da autorização e como consegui-la. “Ou até mesmo vender a passagem somente mediante a apresentação da permissão”, diz. De acordo com ela, a maioria das empresas está cumprindo a lei. As infrações serão punidas com multas.

Ela acredita que o posto da Vara da Infância acabaria com alguns problemas na rodoferroviária. “O plantão analisa os casos e, naqueles que precisam de urgência, a autorização pode ser expedida pelo juiz na hora. Não sei porque tiraram de lá”, comenta Márcia.

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