Venda clandestina de gás pode ser “bomba relógio”

No "cantinho" do bar; garagem de residências; empilhados com outros produtos, muitas vezes água. Tão evidente quanto a clandestinidade e irregularidade na distribuição dos botijões de gás são os riscos que a prática traz. Em uma região cuja estimativa é que ainda funcionem cerca de três mil pontos clandestinos de revenda de gás, como é o caso de Curitiba e Região Metropolitana, segundo o presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás do Paraná (Sinregás), José Luiz Rocha, o perigo é ainda maior.

"Depósitos clandestinos são uma questão insegura, não só para quem armazena como para quem está próximo, inclusive moradores que vivem ao redor dos estabelecimentos, além da possibilidade de fraude. O risco é o vazamento que acontece pelo descuido", explica o tenente Eduardo Pinheiro, do Corpo de Bombeiros de Curitiba.

Mesmo que o Corpo de Bombeiros faça anualmente cerca de 160 mil vistorias no Estado, 15 mil em Curitiba, a situação de risco persiste. Uma das maneiras de se controlar essa irregularidade, segundo o Sinregás, seria a denúncia. "A quantidade é muito grande. Estão expostos de todas as formas: no bar, na mercearia, e geralmente armazenados próximo a tomadas, o que pode gerar uma explosão. As pessoas deveriam ficar atentas e denunciar", afirma José Luiz.

Risco e deslealdade

O que mais revolta o setor é o fato de que, além de trazer riscos, a clandestinidade é uma prática desleal, deixando a oportunidade de concorrência de lado. "Os credenciados fazem altos investimentos para se adequarem a essas portarias e, ao lado dele, tem essa concorrência ilegal. Eles não pagam impostos, não contratam empregados e levam o risco à população. É absurdo", explica o presidente do Sinregás.

Porém, segundo Rocha, a culpa não é somente do clandestino. A situação é tão preocupante e parece não se resolver que o Sinregás resolveu juntar provas – fotografias de situações irregulares, feitas durante o final de semana, quando os botijões são expostos sem correrem risco de serem pegos em vistorias – e encaminhar para o Ministério Público. A intenção da medida é cobrar das marcas a responsabilidade de permitir tal prática. "O Sinregás vai entregar esses documentos e pedir ao MP que tome providências. Se existe o clandestino é porque alguém distribui a ele. Via MP temos como atingir as distribuidoras que estão colocando o produto em pontos clandestinos", explica.

Entre os pontos localizados pelo sindicato estão residências, lojas não especializadas e distribuidoras especializadas na clandestinidade, como mostram as fotos do arquivo juntado recentemente pelo Sinregás.

Bombeiros preparam prevenção à morte branca

Na próxima semana, o Corpo de Bombeiros começa com a campanha de prevenção da morte branca, ou seja, por intoxicação por monóxido de carbono. Com o frio chegando, as pessoas utilizam com mais freqüência os aquecedores. O monóxido de carbono é diferente do gás dos botijões, mas resulta da queima deste, e é inodoro, incolor e letal.

Segundo o tenente Eduardo Pinheiro, o perigo existe porque os aquecedores ficam, geralmente, dentro das residências, em lugares fechados, aumento o risco de intoxicação. "É uma situação que preocupa na capital do Estado, pela característica climática e maior número de edificações. Em apartamentos é muito comum acontecer esse tipo de acidente, principalmente nessa época do ano", afirma.

Em três anos, já forma registrados 11 mortes por esse tipo de intoxicação. O tenente Pinheiro conta que, em 2004, uma família inteira foi intoxicada, inclusive o cachorro -segundo ele os animais são mais sensíveis ao monóxido de carbono -, mas foram salvos pelo vizinho. Este ano ainda não houve registro, mas as medidas de prevenção e orientação já estão sendo tomadas. (NF)

Cuidado com o gás

– o ideal é que se instale o botijão do lado de fora da residência, e seja feita uma ?casinha? com portão e cadeado;

– outro cuidado dever ser com a mangueira que tem prazo de validade e este deve ser controlado. A partir da data de validade a mangueira perde a humidade natural e pode estourar;

– os estabelecimentos comerciais devem solicitar, junto ao Bombeiro, a vistoria regularmente;

– outro perigo são os botijões pequenos, de dois quilos, que está sendo retirado do mercado por não ter válvula de segurança e as pessoas que usam sempre colocam próximo ao fogareiro;

– segundo recomendação do Corpo de Bombeiro, a forma de se coibir a clandestinidade é as pessoas comprarem de postos credenciados e com alvará;

– em caso de vazamento a revendedora deve prestar a assistência necessária. É muito perigoso o usuário agir sozinho com métodos de risco como colocar sabão ou usar isqueiro, como já verificou o Corpo de Bombeiro. 

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