UFPR tenta coibir trotes violentos

Trotes violentos, capazes de agredir física ou moralmente os calouros das faculdades e universidades, são notícia, em todo o Brasil, a cada novo início de ano letivo. Na tentativa de coibir ações como cortes de cabelo forçados, cobranças de "pedágio", apreensões de objetos pessoais e mesmo induções ao consumo de bebidas alcoólicas, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) lançou ontem, em Curitiba, o projeto Trote Humano.

Segundo o reitor Carlos Augusto Moreira Júnior e a vice-reitora Maria Tarcisa Silva Bega, alguns cursos da UFPR – como os das áreas de Tecnologia e Ciências Agrárias – têm por tradição a realização de trotes mais agressivos. Estes podem ocorrer na divulgação dos aprovados no vestibular ou na primeira semana de aulas. "O trote é uma tradição que passa de veterano para veterano, mas muitas vezes não é respeitada a opinião dos calouros que não topam participar das brincadeiras", afirmou o reitor. "O objetivo do Trote Humano e promover uma mudança de cultura, combatendo o trote e incentivando ações que promovam a recepção dos calouros de forma educada, respeitosa e mostrando o que a universidade tem de bom".

Para divulgar o projeto, serão colocados cartazes de boas- vindas aos novos alunos em diversos setores da universidade, haverá distribuição de cartilhas e folhetos explicativos em cursinhos. O Trote Humano propõe ações como doação de alimentos, doação de sangue e outras iniciativas que beneficiem a comunidade. "Serão formados comitês setoriais em cada um dos onze setores da UFPR. Os centros acadêmicos e coordenadores de curso irão apresentar suas propostas de ações aos integrantes dos comitês, que por sua vez irão avaliá-las e aprová-las", comentou Maria Tarcisa.

A UFPR também criou um disque-denúncia. Através do número 0800-6438377, calouros e veteranos poderão denunciar abusos e desrespeitos. A resolução 24/99 do Conselho Universitário da UFPR prevê que responsáveis por trotes violentos podem receber punições que vão desde advertência até expulsão. Em 2005, a festa dos calouros da UFPR será realizada no campus do Centro Politécnico, na capital.

Alunos e professores

A iniciativa do Trote Humano foi aprovada pela maioria dos professores e alunos da UFPR e também por estudantes de ensino médio que compareceram ao lançamento do projeto. "É o momento de darmos um grande salto na qualidade da recepção aos calouros. O trote é um costume antigo e arcaico", declarou o coordenador do curso de Engenharia Florestal e do Fórum dos Coordenadores dos Cursos de Graduação da UFPR, Dimas Agostinho da Silva.

A estudante Ana Cláudia Pereira dos Santos, de 17 anos, que cursa o terceiro ano do ensino médio, disse não concordar com as brincadeiras que humilham os calouros e revelou estar mais sossegada com a existência do Trote Humano.

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