UFPR lança programa de prevenção à droga

Combater o uso de drogas entre a comunidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR) é o objetivo do programa lançado ontem pela instituição. Ele atende uma expectativa dos servidores que vinham buscando apoio para tratar do assunto, tanto na família como no trabalho. Para marcar o lançamento do programa foi discutido o papel da universidade na prevenção ao uso de drogas.

Quem abordou o assunto foi o psiquiatra Sérgio Nicastri, do Programa de Tratamento de Dependentes de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Segundo ele, existe uma carência de dados no Brasil sobre pesquisas estatísticas do consumo de drogas, mesmo porque são questões que envolvem temas sensíveis de comportamento. Mas, pelo que se percebe, há um crescimento, principalmente entre os jovens, do uso dessas substâncias. Para ele, uma droga de grande potencial que vem chamando à atenção é o crack. “Ela é uma droga perigosa, pois em poucos dias a pessoa está vendendo a roupa do corpo para poder conseguir o produto”, comentou.

Para o Nicastri, palestras isoladas sobre o assunto não resolvem a questão, pois é preciso ter uma ação integrada para combater e tratar o assunto. Discutir sobre drogas na universidade, entende o psiquiatra, é uma forma de capacitar pessoas que terão condições de difundir o tema, “porque daqui saem pessoas que podem influenciar com idéias e comportamentos”. Mas a melhor hora para se falar sobre drogas, afirma, é incluí-las na educação desde criança. “Assim como se fala da necessidade de escovar os dentes ou tomar banho, é preciso falar das drogas, pois se o filho vem perguntar sobre o assunto é porque alguém já falou com ele antes”, concluiu.

Dez anos

Este ano, o Programa de Dependentes Químicos que a UFPR mantém no Hospital de Clínicas, voltado à comunidade em geral, completa dez anos de funcionamento. Em média são atendidas cem pessoas por mês por uma equipe de profissionais de várias especialidades. A maioria dos casos é de dependentes de álcool, que em 90% dos casos começaram a beber na adolescência. O relato é da psicóloga clínica que trabalha no programa, Gilka Borges Correia. “Muitos pacientes só chegam até o hospital por problemas de saúde provocado pelo álcool, e não conseguem admitir que a causa é a bebida”, comenta Gilka, acrescentando que é muito comum ouvir pacientes dizendo que bebem socialmente mas é o fígado que não está bom.

Atualmente um dos problemas que os profissionais estão encontrando no tratamento é a dependência cruzada, quando o paciente usa, por exemplo, o álcool e a cocaína. “São dois estimulantes que trazem conseqüências graves”, falou Gilka. A maior dificuldade no tratamento, avalia a psicóloga, é a abstinência, pois os depen-dentes estão acostumados a enfrentar as situações da vida sob efeito das drogas. “Por isso temos que mostrar que ele pode tudo, só não pode beber”, disse. Ela explica que ter recaídas durante o tratamento faz parte do processo, e o paciente tem que ter consciência que estará sempre em recuperação e manutenção, “pois não existe o primeiro gole para um dependente químico”, finalizou.

Serviço

O programa de dependências químicas no HC funciona de segunda a sexta-feira, a partir das 12h. Outras informações pelo telefone (41) 360-1800, ramal 6271.

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