Trocar colo da mãe pela professora não é fácil

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Marli: "O único jeito é esperar
que o Vítor se adapte".

"Escola não, escola não", era o que gritava, ontem de manhã, o pequeno Vítor Marquezoni, de um ano e onze meses de idade, em frente ao portão da escolinha onde estuda, no bairro Santa Quitéria, em Curitiba. O menino, assim como outras crianças de sua idade, relutou em ir para o colo das professoras e chorou bastante na hora que sua mãe teve que ir embora.

"Em casa, assim que acordou, Vítor começou a pedir para não ser levado para a escola. Conversei com ele e expliquei que voltaria para pegá-lo assim que saísse do trabalho. Meu filho mais velho, de oito anos, também tentou convencer o irmão de que a escola é um lugar legal, mas não teve jeito. Deixar o Vítor chorando faz com que meu coração fique apertado. Muitas vezes, eu mesma choro a caminho do trabalho. Porém, confio na escola e o único jeito é esperar que ele se adapte", conta a mãe de Vítor, Marli Marquezoni, que é servidora pública federal.

Segundo a diretora de Educação Infantil da Secretaria da Educação de Curitiba, Ida Regina Moro Milleo de Mendonça – que acompanha os trabalhos desenvolvidos nos 147 centros municipais de educação infantil existentes na cidade – é normal que as crianças pequenas chorem nas primeiras duas ou três semanas de aula, principalmente entre os oito meses e os três anos de idade. "Ir para a escola é um passo muito grande na vida das crianças e as primeiras semanas de aula são extremamente importantes. É a primeira vez que elas saem do aconchego de suas casas e vão para um espaço diferente, onde precisam ficar longe da proteção de seus pais", afirma. "Nos centros, todos os anos existem crianças que choram e as diretoras, pedagogas e educadoras são orientadas a desenvolver trabalhos de adaptação."

Embora o choro seja considerado comum, ele pode ser evitado, opina o psicólogo Eugênio Pereira de Paula Júnior. De acordo com ele, os pais devem se preocupar com a adaptação dos filhos com bastante antecedência. Um ano antes de a criança ser matriculada em uma escola, os pais devem tomar providências para que elas se acostumem a estar fora de casa e longe de sua proteção. Uma dica é que elas passem mais tempo na casa de familiares e na companhia de outras pessoas de confiança que não sejam o pai e a mãe. "Geralmente, as crianças que choram são muito apegadas aos pais e o fazem por medo de abandono. Elas precisam aprender que ficar longe dos pais por alguns momentos não é sinônimo de perdê-los", explica.

Nas semanas anteriores ao início das aulas, o psicólogo aconselha os pais a levarem as crianças até a escola, fazendo com que elas conheçam o ambiente e também os professores. No primeiro dia, na hora de deixar os filhos, os pais não devem mostrar insegurança. Para eles, ficar longe também não deve ser considerada uma experiência traumática. Se depois de todos os cuidados, a criança insistir em chorar, o melhor é esperar para que ela se adapte. Os pais nunca devem ceder e levá-las de volta para casa. "Se a criança for levada para casa, vai voltar a chorar e enxergar isso como uma forma de fugir do problema. É necessário que ela saiba lidar com as adversidades."

Atividades especiais amenizam sofrimento

Para minimizar o sofrimento das crianças, muitas escolas de educação infantil da capital utilizam metodologias de trabalho variadas, nas quais os professores são orientados a contribuir com a melhor adaptação dos alunos. Algumas vezes, os trabalhos também são realizados junto aos pais, evitando que eles fiquem ansiosos e transmitam a ansiedade aos filhos.

Na escola Atuação, no bairro Santa Quitéria, os professores visitam as casas dos pequenos estudantes antes do início do ano letivo. No local, tiram fotos em companhia da família e da criança, que, posteriormente, são colocadas em um mural interno. "Isso ajuda a fazer com que, nos primeiros dias, as crianças não se sintam na companhia de pessoas tão estranhas", comenta a coordenadora da escola, Daniele Cristina Machado Baran. "Outra estratégia que utilizamos é iniciar as aulas do maternal alguns dias antes do que as das outras turmas, evitando que, em um primeiro momento, os pequenos cheguem e encontrem muita agitação."

Já o Centro de Educação Infantil Catavento cria uma programação especial. Nos primeiros dias, os pais são autorizados a permanecer na escola junto com os filhos. Eles não entram em sala de aula, mas permanecem no pátio, em local visível às crianças, participando de palestras, lendo um livro ou desenvolvendo qualquer outro tipo de atividade. "Nos primeiros dias, realizamos muitas recreações e atividades fora da sala de aula. O fato de os pais permanecerem na escola nos primeiros momentos faz com que as crianças fiquem menos ansiosas e com que os próprios pais se sintam mais seguros. A saída vai sendo gradativa e, quando a criança fica muito nervosa com a possibilidade de os pais irem embora, aconselhamos a mãe a deixar a bolsa ou um casaco para a criança cuidar, como símbolo de que vai voltar", explica a diretora Andrea Miranda de Barros. (CV)

Estado entrega ônibus a 26 municípios

O governo do Paraná entregou ontem 35 ônibus escolares para 26 municípios transportarem os alunos da rede pública de ensino que moram na zonal rural. Cada veículo custou R$ 80 mil.

Os prefeitos poderiam optar entre o recebimento do veículo comprado pelo Estado ou de recursos proporcionais ao número de alunos que necessitam do transporte. "Pagaríamos pelo menos 30% a mais se fôssemos comprar através de licitação realizada pela Prefeitura", calculou a prefeita de Centenário do Sul, Vera Pazzotti, ao lembrar que o município está com sua frota sucateada e dois ônibus parados necessitando de reforma completa. Os 35 veículos foram adquiridos através de convênio entre a Secretaria de Estado da Educação e as prefeituras e custaram R$ 3 milhões em recursos do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef).

A entrega permitiu, por exemplo, que o município de Grandes Rios abandonasse uma ação emergencial. Para suprir a falta de veículo adequado, a Prefeitura foi obrigada a fretar um ônibus de uma empresa de transporte. "Além da economia para aquisição, não teremos mais que gastar o pouco dinheiro que temos com este aluguel", disse a prefeita Eliane Ricieri.

Qualidade pública

Os ônibus para o transporte escolar têm capacidade para 22 passageiros e atendem a todas as exigências de segurança do Código de Trânsito Brasileiro, com cinto e alça de segurança em todos os bancos.

Em 2004, o governo do Estado destinou R$ 33 milhões ao transporte escolar dos alunos da rede estadual de ensino que residem na zona rural dos municípios do Estado. Os municípios beneficiados com a compra dos ônibus foram Adrianópolis, Antônio Olinto, Arapoti, Assaí, Bela Vista do Paraíso, Campina da Lagoa, Carambeí, Centenário do Sul, Espigão do Alto Iguaçu, Goioerê, Grandes Rios, Guarapuava, Guaratuba, Honório Serpa, Ibiporã, Icaraíma, Itaipulândia, Matinhos, Morretes, Nova Cantu, Piraí do Sul, Quatro Barras, Reserva, Siqueira Campos, Terra Boa e Terra Rica.

Blitze educativas orientam pais

A Diretran, orgão responsável pelo trânsito de Curitiba, começou ontem a "Operação Escola" em 169 colégios municipais e 54 particulares, para orientar o trânsito e dar mais segurança às crianças nos horários de entrada e saída das aulas. Em oito escolas municipais, uma em cada regional da cidade, foram realizadas blitze educativas para orientar pais e motoristas sobre as infrações mais cometidas nas proximidades das escolas.

De acordo com Adilson Lombardo, um dos coordenadores do Núcleo de Educação e Cidadania (NEC) da Diretran, as infrações mais comuns são parar em fila dupla, transportar crianças sem cinto de segurança, estacionar na calçada ou ainda trafegar em alta velocidade na proximidade das escolas "Os pais e motoristas precisam estar conscientes de que a segurança das crianças está em primeiro lugar, por isso devem receber a orientação dos agentes como uma oportunidade de conhecer melhor e respeitar as leis de trânsito", afirmou Lombardo.

Na Escola Municipal Dom Manuel D’Elboux, no Hugo Lange, vários motoristas foram flagrados na blitz educativa cometendo infrações consideradas graves e gravíssimas, segundo a classificação do Código de Trânsito Brasileiro. Nenhum dos motoristas foi multado, já que a operação é educativa.

Detran

O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), em conjunto com a Polícia Militar, também realizou blitze educativas do programa Mutirão pela Vida. Neste ano, a atividade vai alertar os pais para a importância do uso do cinto de segurança no banco de trás. As blitze foram realizadas em 20 escolas, simultaneamente. Também serão realizadas blitze educativas hoje e amanhã.

Deixar de usar o cinto de segurança é infração grave, gera multa de R$ 127,69 e cinco pontos na carteira de habilitação.

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