Tráfico e devastação: inimigos dos animais

O tráfico e a supressão de florestas são os dois maiores inimigos dos animais no Paraná. Por causa disso, muitos figuram na lista dos ameaçados de extinção (veja o quadro), como o pássaro pixoxó, o papagaio-da-cara-roxa e o de-peito-roxo. A situação ganha mais visibilidade esse mês com os dois eventos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Curitiba, sobre biodiversidade e biossegurança, onde o assunto será amplamente discutido. Uma boa notícia para os ambientalistas será a criação de cinco unidades de conservação no Estado, que deve ser feita pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. As áreas são importantes para a sobrevivência de diversas espécies de animais e de plantas.

Em 2005, só o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu cerca de mil animais que iriam ser vendidos para o exterior e interior do País. Segundo o superintendente do órgão no Paraná, Marino Gonçalves, a situação no Estado é preocupante e muitos bichos figuram na lista dos ameaçados de extinção. Além dos pássaros, que atraem a atenção dos traficantes pela beleza das cores, muitos primatas também são alvo do comércio ilegal. Das 25 espécies de macacos ameaçadas no mundo, uma delas vive no litoral do Paraná: o mico-leão-da-cara-preta. Outra espécie bastante ameaçada é o macaco monocarvoeiro, também natural da Mata Atlântica.

O comércio clandestino é feito por grandes redes internacionais, que chegam a transportar mais de 500 bichos de uma só vez, além dos pequenos, que se deslocam principalmente para São Paulo, para vender o que conseguiram capturar durante o dia. As cidades do Paraná onde a atividade é mais intensa ficam na região de fronteira: Guaíra e Foz do Iguaçu, além do litoral. "São a porta de entrada e saída dos animais", explica o superintendente do Ibama.

Durante o transporte, as estatísticas apontam que até 80% dos animais morrem devido ao estresse e ao acondicionamento. O Ibama coordenou no último mês uma campanha no litoral para conscientizar os turistas sobre o crime ambiental. Se ninguém comprar os bichos, os traficantes não terão para quem vender. O tráfico de animais é punido com multas e as pessoas respondem criminalmente.

Segundo Marino, todos os bichos desempenham uma função importante dentro do ecossistema, pois promovem o equilíbrio da cadeia alimentar. Se esse processo for alterado, outros animais ficam ameaçados. Hoje existe um desequilíbrio grande no Noroeste do Paraná. As pombas-amargosas não tem mais predador e a sua proliferação desmedida tem trazido sérios prejuízos para agricultura. Outro problema também enfrentado pelo Estado é a introdução de espécies exóticas como a tartaruga tigre-d?água.

Florestas

Além do comércio ilegal, a supressão das áreas de floresta também vem ameaçando a vida de muitos animais e plantas. No Paraná restam menos de 7% da cobertura vegetal original e menos de 1% do que existia da Floresta de Araucárias. As cinco unidades de conservação a serem criadas vão proteger a Floresta de Araucárias, os Campos Nativos, na região de Ponta Grossa, e a Floresta Estacional Semidecidual, no Noroeste do Estado.

Segundo Marino, o governo federal conseguiu derrubar todas as liminares de proprietários que contestavam na Justiça a criação das áreas. De acordo com ele, em 2004 o Ibama fez um estudo e constatou que 285 espécies de animais necessitam da mata de araucária para sobreviver. Disse ainda que plantas e animais estão desaparecendo sem ao menos terem sido estudados. O xaxim, planta ameaçada junto com a Floresta de Araucárias, pode trazer a cura para a asma. Um estudo foi apresentado pela Universidade Federal do Paraná ao Ministério da Saúde.

Outro problema que também afeta o Estado, mas em menor grau, é o contrabando de insetos e plantas. Durante os eventos da ONU, serão discutidos, sobretudo, a perda da diversidade biológica da fauna e da flora e as suas conseqüências. 

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