Estragos

Temporal deixa 5,5 mil paranaenses fora de casa

Os estragos provocados pela forte chuva que atingiu Curitiba se repetiram ontem em outras regiões do Estado. Até agora são pelo menos 67 mil pessoas atingidas em 24 cidades paranaenses (ver quadro), com mais de 5,5 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, segundo o que já foi informado à Defesa Civil. E esses números devem continuar subindo.

Em Cascavel, na região oeste do Estado, o problema maior foi o forte vento. A intensidade da ventania destelhou mais de 80 casas, principalmente em bairros da zona sul da cidade, como o de Santa Felicidade, mas não teve pessoas desabrigadas. Um rapaz de 20 anos foi ferido depois que um portão de ferro caiu sobre ele, mas passa bem.

No aeroporto de Cascavel, todos os voos foram cancelados até as 10h da manhã de ontem, enquanto entulhos eram retirados da pista. Parte do hangar e 80% do terminal de passageiros foram destruídos e tiveram que ser cobertos provisoriamente com lonas. Ainda não foi divulgado o valor que deve ser investido na recuperação da parte física do local.

Um avião de 50 toneladas que estava no pátio do aeroporto foi mudado de posição por força da rajada, superior a 160 quilômetros por hora. “Essa foi a última leitura que conseguimos, pois aqui no aeroporto faltou luz. Na hora do pico do vendaval, o vento deve ter chegado a 200 quilômetros por hora”, estima José Aparecido Ribeiro, funcionário no aeroporto.

Volume de água

Só em Pato Branco, uma das cidades mais afetadas no sudoeste, caiu 205 milímetros de chuva em aproximadamente 24 horas, enquanto que a média mensal é de 150 milímetros. O Rio Ligeiro, que corta a cidade, transbordou. Em Palmas, foram mais 190 milímetros de chuva.
 
Na região de Curitiba, que historicamente tem 90 milímetros de chuva neste mês, choveu 65 milímetros em menos de um dia, número maior que a última grande chuva deste ano na cidade, no fim de janeiro, quando chegou a chover 49 milímetros em 24 horas.

Outras cidades da Região Metropolitana registraram grandes volumes de água, como Pinhais (150 milímetros); Lapa (73 milímetros) e Cerro Azul (50 milímetros).

Em Francisco Beltrão, em dois dias, foram 265 milímetros, transbordando os córregos Urutado, Lonqueador, Guaratinguetá e Progresso. A previsão de mais chuvas para os próximos dias fez com que a prefeitura suspendesse as aulas das escolas municipais e estaduais.

Por lá, a chuva já havia danificado as estradas na última quinta-feira, o que foi apontado pelo Corpo de Bombeiros como um risco para o transporte escolar, que leva muitos dos alunos do interior. O campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) também cancelou as aulas ontem.

O pior já passou, diz o Simepar

A maior intensidade da chuva que acometeu o Paraná nesta semana já passou, de acordo com o Instituto Meteorológico Simepar. Embora continue a chover nos próximos dias, a previsão é de chuvas mais fracas e constantes, diferente de ontem, o que muda o perfil dos estragos registrados.

Se até agora a preocupação foi com pontos de alagamento e a subida do nível dos rios, a partir de agora o alerta é com relação ao risco de deslizamento de encostas, afirma o meteorologista Samuel Braun, do Simepar.

Assim como Curitiba e Região Metropolitana, o interior do Paraná também sofreu com falta de luz. Nas regiões oeste e sudoeste do Estado, houve desligamento de energia elétrica em cerca de 60 mil domicílios.

A maior parte aconteceu em Cascavel, onde a Companhia Paranaense de Energia (Copel) registrou rompimento de cabos de alta e baixa tensão devido à queda de árvores sobre as redes elétricas. Muitas casas ainda sofriam no final do dia de ontem com a falta de luz.

Segundo a Copel, nos municípios do centro-sul e na região dos Campos Gerais, o temporal provocou desligamentos com duração de até uma hora a cerca de 70 mil unidades consumidoras de cidades como Telêmaco Borba, Irati, Imbituva, Ipiranga, Teixeira Soares e Guamiranga. Em algumas localidades rurais, os serviços de recomposição da rede elétrica se prolongaram durante todo o dia de ontem.