Fora do lixo

Tem medicamento vencido na caixinha de remédios? Saiba o que fazer

Pouca gente sabe, mas medicamento é considerado produto químico e, quando está vencido ou estragado, não pode ser descartado no lixo comum, pia ou vaso sanitário. Os princípios ativos não são neutralizados pelos tratamentos de água e esgoto e poluem o meio ambiente. O correto é levar até os locais que fazem a coleta especializada deste tipo de produto. Em Curitiba, há iniciativas públicas e privadas de recolhimento.

Eloisa Wistuba, bióloga da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, explica que todo resíduo químico precisa de tratamento adequado para não poluir a natureza. Existem dois tipos de tratamento para este caso: o aterro especializado em resíduos perigosos ou a incineração, como é feito em Curitiba.

Sexo

Vários estudos, diz a bióloga, comprovam a existência de medicamentos no solo e água de várias cidades. Um destes estudos mostrou que, pela alta concentração de hormônios na água, principalmente os esteróides, muitos peixes mudaram de sexo. Isso prejudica a reprodução e outros aspectos da cadeia biológica. No solo, os medicamentos podem contaminar o lençol freático, levando os princípios ativos à água que bebemos ou diretamente aos alimentos que vêm da terra.

Como pessoas e animais costumam revirar lixo comum ou reciclável, há o risco de ingerirem os medicamentos descartados de forma incorreta. A presença, principalmente de antibióticos, na água e no solo podem ainda matar bactérias menos resistentes e manter vivas apenas as mais resistentes. Se o ser humano pega uma doença dessas bactérias, o tratamento é mais difícil e a bióloga não descarta, em caso extremo, epidemia difícil de curar.

União pela saúde

Giselle Pointevn Pirih, coordenadora da Vigilância Sanitária de Curitiba, explica que a Política Nacional de Resíduos Sólidos exige que as indústrias de medicamentos, principalmente, recolham medicamentos vencidos e deem fim adequado a eles. Mas, como se trata de logística complicada, as indústrias, distribuidores e farmácias se uniram aos setores públicos de saúde e do meio ambiente e outras entidades para elaborar projeto-piloto.

O projeto, batizado de Descarte Consciente (www .descarteconsciente.com.br), que avaliou também quais são as quantidades recolhidas pela coleta especial, o custo da logística e os remédios mais descartados, já foi concluído. Além de apresentar a forma mais adequada de coleta de medicamentos, os estudos ainda podem embasar outras políticas públicas de saúde.

Coleta

Enquanto durou o piloto (12 meses, desde abril do ano passado), Curitiba teve 42 pontos de coletas de medicamentos vencidos, distribuídos em farmácias e três unidades de saúde da capital. Mas, com o fim dos estudos, apenas algumas redes de farmácia mantiveram as urnas. Nas redes Panvel e Droga Raia, por exemplo, a coleta continua. Desde 2010, a Panvel, por exemplo, recolheu mais de 23 toneladas de remédios vencidos.

Hospital imprime apenas 3% dos exames.

Raio-x é tóxico

A deputada estadual Claudia Pereira (PSC) propôs recentemente, na Assembleia Legislativa, projeto de lei que exige o descarte correto de filmes de radiografia usados. A população, em geral, acredita que, por ser um pedaço de plástico, pode descartá-lo no lixo reciclável. Mas as radiografias possuem prata, metal pesado que polui o meio ambiente, porque não se degrada sozinho.

Em Curitiba, já existem várias clínicas que adotaram o processo digital. Um exemplo é o Hospital Vita que, por mês, realiza cerca de 2.800 exames de imagem (radiografias, tomografias e ultrassonografias). Desta quantia, no máximo 3% delas são impressas, a pedido do paciente que precisa levar o exame para outro profissional,, fora do hospital.

CD

Há clínicas que, em vez de imprimir, cedem CDs com as imagens digitalizadas. “Imprimir todos os exames é produção de lixo desnecessária. O paciente que procura nosso pronto-socorro quer resolver o problema todo na hora, por isso nem leva o exame embora”, explicou Maria Cristina Harder, chefe do centro médico do Vita.

Urnas ou caminhões

Na urna automatizada do Programa Descarte Consciente, existente em algumas redes de farmácias, o cliente recebe instruções por uma tela. Primeiro, passa o código de barras do medicamento na máquina, para identificar o produto. Depois, descarta a bula e a caixa num cesto de recicláveis. Em seguida, a urna orienta em qual cesto o cliente deve jogar o vidro, plástico ou blister contendo o medicamento (há a urna de pomadas e comprimidos e a urna de líquidos e sprays).

Coleta

Além do Programa Descarte Consciente, a Secretaria Municipal de Saúde mantém, desde 1989, a coleta de lixo tóxico doméstico. Um caminhão especial fica, uma vez por mês, parado próximo a ruas da cidadania ou terminais de ônibus, das 7h30 às 15h. Anualmente, a prefeitura publica em seu site o calendário e locais onde o caminhão estará (coletali xo.curitiba.pr.gov.br/lixotoxico.aspx).

É o seguinte!

Geralmente temos preguiça, ou falta de hábito, de separar remédio vencido – e outros lixos tóxicos. Não deveria ser assim, em troca de uma água mais pura pra beber. Veja se não é bem isso que acontece quando relaxamos.

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