Sul concentra maior quantidade de fumantes

Se existisse um mapa do tabagismo no Brasil, Porto Alegre lideraria a lista como a capital que concentra o maior número de fumantes do País, com cerca de 25% da população. Em segundo lugar vem Curitiba, com 21,5% da população, seguida de Florianópolis (21,4%), Belo Horizonte (20,4%) e São Paulo (19,9%). Com isso, as regiões sul e sudeste concentram 57,3% dos tabagistas do Brasil – a estimativa é que existam 25 milhões de fumantes no País.

Esses dados integram o Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco de Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Ministério da Saúde, que pesquisou nos anos de 2002 a 2003, pessoas com 15 anos ou mais, residentes em 15 capitais brasileiras e no Distrito Federal. Porto Alegre também aparece como a cidade onde o fumante é mais apegado ao cigarro, pois aproximadamente 13% dos tabagistas consomem mais de 21 unidades todos os dias.

Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), quatro milhões de pessoas morrem a cada ano devido a doenças causadas diretamente pelos derivados do tabaco. Calcula-se que 100 milhões de indivíduos morreram durante o século XX em virtude da dependência de nicotina e que, mantidas as tendências atuais, esse número aumente em dez vezes, chegando a um bilhão de mortes no século XXI. "Muitas dessas mortes são potencialmente evitáveis se os tabagistas deixarem de fumar", afirma o presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Ricardo Henrique Sampaio Meirelles.

Segundo ele, a grande incidência de fumantes no sul está ligada diretamente ao plantio do fumo, que concentra as maiores plantações nesta região, bem como, as maiores indústrias fabricantes de cigarros. Ele ressalta ainda que o sul também lidera uma outra estatística: a de maior incidência de câncer de pulmão e doenças relacionadas ao tabagismo. Segundo Meirelles, é preciso que as organizações de saúde locais desenvolvam ações efetivas para tentar baixar esses números.

Parar

O médico afirma que o tabagismo é uma doença e que parar de fumar é difícil, mas possível. "A nicotina é uma droga, que tem influência no aspecto físico e comportamental. Mas com orientação médica e tratamento é possível parar", falou. Segundo ele, alguns medicamentos são eficazes na redução da síndrome de abstinência – entre eles estão o adesivo e goma de mascar de nicotina e um antidepressivo – que ajudam a aliviar o desconforto causado pela falta da nicotina, como irritabilidade, tonteira e maul-estar geral.

Mas o mais importante, diz Meirelles, é o fumante aprender a viver sem o cigarro. Ele dá algumas dicas que podem aliviar a tensão provocada pela falta de tabaco. Entre elas, substituir o café por líquidos, ter algo para mascar na boca, escovar os dentes logo após as refeições, ficar com uma caneta na mão, mudar hábitos ligados ao ato de fumar, e se livrar de todos os objetos que lembrem o cigarro, com isqueiro e cinzeiros. 

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