Sociedade não conhece o Estatuto do Idoso

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Para retirar idosos da miséria, pastoral defende projetos
de geração de renda.

O Estatuto do Idoso completou no início do mês um ano de vigência, mas ainda é um desconhecido da terceira idade, do poder público e da sociedade de um modo geral. A observação é feita pela coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa, Zilda Arns. Segundo ela, um dos maiores problemas que atingem os idosos é a extrema pobreza. Para mudar esse quadro, ela defende entre outras idéias, a necessidade de se criar projetos de geração de renda e a divulgação do próprio estatuto.

A coordenadora da pastoral comenta que boa parte dos idosos vive com até dois salários mínimos e em muitos casos sustentam os familiares. Ela é a favor da implantação de projetos de geração de renda como prevê o estatuto. "Eles são pessoas sábias e possuem muitas habilidades. Os projetos podem contribuir para o seu sustento", explica.

Zilda está apostando na disseminação da Pastoral da Pessoa Idosa para aumentar o conhecimento sobre o estatuto. Hoje, a entidade está presente em 15 estados e são atendidas 33 mil pessoas. Mil capacitadores já estão trabalhando para levar a pastoral a todos os cantos do País. Além de divulgar o estatuto, os agentes da pastoral têm a missão de cobrar do poder público a sua aplicação e realizar atividades relacionadas a prevenção de doenças, de integração social, entre outras.

Zilda quer que a Pastoral da Pessoa Idosa ganhe a mesma dimensão da Pastoral da Criança, também coordenada por ela. Mas explica que para isso precisa do envolvimento da sociedade. Quem quiser pode colaborar com a causa sendo um voluntário ou fazendo doações. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (41) 336-0250.

Denúncias

A assistente social do Centro de Apoio Operacional às Promotorias do Idoso do Ministério Público Estadual (MPE), Rosilene de Fátima Pollis, afirma que com a implantação do estatuto aumentou o número de pessoas que procuram ajuda do MPE para garantir os direitos da terceira idade. A maioria das leis já existiam, mas acabaram ganhando mais visibilidade.

Segundo Rosilene, uma das principais denúncias está relacionada ao abuso financeiro, cometido geralmente por familiares e instituições. "Por algum motivo eles se apropriam da aposentadoria dos velhinhos", fala Rosilene .

Outro problema enfrentado pelos idosos é o abandono. "Alguns são esquecidos em hospitais ou asilos", fala. A assistente social comenta ainda que faltam profissionais para cuidar destas pessoas. Muitas vezes a família trabalha e não dispõe de ninguém para acompanhá-lo. "Poderia haver uma contrapartida do estado e da família para pagar este profissional", fala.

Rosilene aponta como um dos pontos positivos do ano de implantação do estatuto, a ampliação do número de conselhos municipais dos Direitos dos Idosos. De 11 subiram para 40. No entanto, ainda estão longe de atingir os 399 municípios paranaenses. Eles são encarregados de garantir que as cidades cumpram o que determina o que determina o documento. (Elizangela Wroniski)

Passagens grátis sem solução

O problema das passagens de ônibus interestaduais gratuitas segue sem solução. Pela lei, os idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos poderiam viajar de graça ou obter desconto de 50% na compra de passagens. Ano passado, alguns idosos chegaram a ser beneficiados. Mas a Associação Brasileira de Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), conseguiu uma liminar judicial suspendendo o benefício.

Agora, o governo estuda de onde vão sair os recursos para o pagamento das passagens. Segundo o coordenador do Procon, Algaci Túlio, no ano passado cerca de 200 pessoas procuraram o órgão para garantir seus direitos. "Precisamos pressionar o governo para que regulamente logo a lei", fala. (EW)

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