Sobra imóvel no litoral para alugar no carnaval

Faltando menos de uma semana para o início do Carnaval, corretores de imóveis do litoral paranaense estão preocupados: a procura está aquém de anos anteriores. O motivo é atribuído especialmente à crise financeira, além da instabilidade do tempo. A expectativa, segundo a maioria, é que o típico jeito brasileiro em deixar tudo para a última hora se repita mais uma vez.

“Só estamos com 10% dos imóveis locados. Os outros 90% estão desocupados”, relata a gerente-administratitva da Imobiliária Somar, em Matinhos, Patrícia Marilce Soares. Ela criticou a atitude de algumas imobiliárias, que afirmam que esgotaram as vagas. “A procura até é grande, mas a quantidade de imóveis disponíveis é muito maior.” Na Somar, pacotes de cinco dias variam entre R$ 500 – acomodação para seis pessoas – a R$ 1 mil – casa para até 15 pessoas. Já o aluguel de uma quitinete de frente para o mar, em Caiobá, custa R$ 450 o pacote. “As pessoas estão procurando o que é mais barato. Ninguém está querendo investir muito, não”, analisa.

O empresário Ernesto Rodrigues, proprietário de um hotel e uma pousada em Matinhos, outro hotel em Guaratuba e demais imóveis, também reclama. “Não tivemos temporada este ano. O Carnaval está aí e está tudo vazio. Hoje (ontem), por milagre, chegou um ônibus de excursão”, conta. Segundo ele, as expectativas são bem ruins. “Apliquei R$ 2,3 milhões em um hotel em Guaratuba e não estou conseguindo recuperar o investimento”, lamenta.

Baixa demanda

De acordo com a presidente da Associação de Corretores de Imóveis em Guaratuba, Doraci Rocha Gandolfi, a maioria dos corretores está reclamando da baixa demanda. “Em anos anteriores, no sábado que antecede o Carnaval, as locações estavam quase todas acertadas. A ocupação era de 60% a 70%. Este ano, não chega a 50%”, conta. Segundo ela, há cerca de 1,5 mil imóveis em Guaratuba para serem alugados, de imobiliárias e particulares. “Os tamanhos variam bastante, desde quitinetes, para quatro pessoas, até casas para 18. Há também particulares que alugam casas para até 40 pessoas”, diz. A procura, segundo ela, é por imóveis na região central, próximos à praia. “Nossa esperança é que as pessoas venham de última hora.”

Otimismo

Já o proprietário da Pontalville Imóveis, Jovari Montemor, não tem do que reclamar. Dos quase 70 imóveis que disponibiliza em Shangri-lá, cerca de 70% já está alugado. “Para quem deixar para a última hora vai encontrar dificuldades de achar algo do agrado”, diz Jovari, que espera esgotar as locações até o Carnaval. Os pacotes de cinco dias para oito pessoas variam entre R$ 300 e R$ 350. A localização é, em média, a três quadras do mar. Já apartamentos com piscinas, também com capacidade para oito pessoas, custam R$ 100 a diária.

O corretor da Imobiliária Monte Cristo, em Guaratuba, José Carlos Miranda, também está otimista. Dos quase 25 imóveis, apenas três não tinham sido locados até ontem. “O movimento é sempre bom no Carnaval”, comemora. Apartamentos de frente para o mar, com capacidade para até seis pessoas, custam entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil o pacote de dez dias. Já imóveis fora da região central custam R$ 700, também o pacote de dez dias. “As pessoas preferem imóveis próximos da avenida central e do mar. Também pedem imóveis espaçosos, porque geralmente vêm grupos grandes.”

Nos hotéis, a procura é maior

Para quem optar em se hospedar em hotel durante o Carnaval, o ideal é fazer reservas desde já. No Hotel Panorama, em Pontal do Paraná, restam cerca de 20% dos quartos para serem alugados, segundo o gerente Alexandre Calaf. O apartamento de casal, de ventilador, TV e banheiro custa R$ 90,00. “Nossa diária era de R$ 150,00, mas como uma excursão cancelou a reserva na última hora, tivemos que baixar o preço”, conta Calaf.

No Hotel Náutico, em Guaratuba, quase 50% das reservas para o Carnaval já estão confirmadas, segundo a proprietária Cleide Dambroski. “No ano passado, nesta época, já estava quase tudo lotado. Este ano, as pessoas estão sem dinheiro”, acredita. Mesmo assim, Cleide não tem dúvidas de que as vagas vão se esgotar durante o Carnaval. “O pessoal deixa mesmo para a última hora”, diz. O pacote de quatro dias para duas pessoas custa R$ 750 no apartamento completo (TV e ar-condicionado) e R$ 620 no simples (TV e ventilador). O hotel fica a 30 metros do mar.

Guaratuba oferece opções ainda para quem não quer gastar muito. No Hotel Guaratuba, a quase dez quadras da beira-mar, a diária por pessoa custa R$ 20. “O quarto é só mesmo para dormir. Tem banheiro, ventilador, mas não há TV, nem café da manhã”, informa a proprietária Neusa Maria Friesen. A expectativa, segundo ela, é que o tempo melhore e incentive a ida dos foliões ao litoral.

Campanha lembra que camisinha é mais segura

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) começa hoje a campanha de prevenção à aids e de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) no Carnaval. A ação, feita em conjunto com o Ministério da Saúde, tem como tema “Pela camisinha não passa nada. Use e confie”.

Este ano a intenção é quebrar alguns tabus que ainda existem, como o de que a camisinha não é segura para prevenir as doenças. Leques informativos serão usados na campanha. No Paraná haverá ações em todo o Estado, mas o principal foco de atuação será no litoral. “Este ano a campanha está mais intensificadal”, diz a coordenadora de DST/Aids da Sesa, Rita Esmanhoto.

Quantidade

O Ministério da Saúde enviou para o Paraná 670 mil preservativos sendo 60 mil destinados ao litoral paranaense. Também foram feitos 224 mil abanadores com o tema “Sombra, água fresca e camisinha”, 600 bottons, 660 cartazes, além de 300 camisetas. A distribuição de material informativo no litoral será feita pela 1ª regional de saúde, de Paranaguá, em conjunto com as secretarias municipais de Saúde. As outras 21 regionais de saúde também farão o trabalho educativo e preventivo com distribuição de material educativo.

Pesquisa

Uma pesquisa feita pelo Ibope revela que 15% das pessoas que praticam sexo freqüentemente acreditam que a camisinha não é segura o suficiente para conter doenças sexualmente transmissíveis.

Velhos medos continuam assustando boa parte dos homens, como o rompimento do látex e o vazamento do esperma. “Por isso, é fundamental aproveitarmos datas festivas, como o Carnaval, para ampliar a divulgação sobre a importância de usar camisinha”, diz Rita.

Voltar ao topo