Sistema de cotas da UFPR tem avaliação positiva

As primeiras turmas formadas pelo sistema de cotas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) se formam este ano e ontem foi realizado um seminário para avaliar os primeiros quatro anos de implantação da medida.

Segundo o coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab), professor Paulo Vinícius Baptista da Silva, são vários os pontos positivos. Estudantes oriundos de escolas públicas e afrodescendentes, por exemplo, apresentaram desempenho igual ou superior aos demais, além de ter menor índice de evasão.

As cotas foram implantadas em 2005 na UFPR e, desde então, já beneficiou cerca de 5,2 mil alunos. Pelo sistema, 20% das vagas da universidade em cada curso são destinadas a alunos de escolas públicas e outros 20% para alunos negros, além de vagas para indígenas.

Foram cerca de dois anos de discussão até a implantação. O professor Paulo lembra que uma das questões levantadas pelas pessoas que eram contrárias ao sistema dizia respeito a qualidade do ensino. Mas isto não representou problema, pelo contrário.

O professor afirma que os alunos de escolas públicas apresentaram rendimento superior aos classificados no quadro geral, e os alunos afrodescedentes tiveram desempenho similar aos demais.

Anderson Tozato
Durante o evento de ontem, danças tradicionais foram apresentadas.

Outro dado positivo é o índice de evasão. Entre os alunos negros a desistência é três vezes menor do que entre os alunos do quadro geral. Entre os alunos de escolas públicas chega a ser duas vezes menor. “Mostra que o investimento público nesses alunos é ótimo. O dinheiro é bem aplicado, com menos desistência, mais alunos são formados”, comenta.

O estudante afrodescendente Roberto Jardim, 30 anos, disse que sempre estudou em escola pública e já havia tentado duas vezes vestibular na UFPR. “O sistema facilitou a entrada no curso de ciências sociais”, falou.

A vice-presidente do Conselho Permanente de Direitos Humanos do Estado do Paraná, Maria de Lourdes Santa de Souza, diz que o sistema é importante para a história do Paraná.

“Nunca tivemos tantos alunos negros na universidade”, comenta. Ela diz ainda que a presença e o convívio com outros alunos ajuda também a acabar com o preconceito que ainda existe, mesmo que muitas vezes de forma velada.