Placas da discórdia

Sindicato e povão cobram liberação de mais táxis em Curitiba

Depender de táxi em dias de chuva e em horários de pico é um problema para os curitibanos. Com o aumento de fiscalização da Lei Seca, a saída para deixar o carro em casa – chamar um táxi -torna-se um transtorno e motivo de atrasos. Há tempos se fala em licitação para novas placas, mas até agora fica apenas a promessa da Urbs de que o edital deve ser lançado até o final deste mês.

A frota de táxis em Curitiba é de 2.252 veículos, sendo 21 executivos, quatro equipados para pessoas com deficiência e 2.227 convencionais. De acordo com a Urbs, o decreto que regulamenta o serviço de táxi (nº 1.959 /2012) prevê 748 novas placas, mas o prefeito Gustavo Fruet acredita que este ano devem ser colocados em circulação entre 300 e 400 carros. Ainda assim, o número seria insuficiente para atingir o parâmetro mundial, que estabelece como ideal a existência de um táxi a cada 300 habitantes.

O assistente técnico Sérgio Luís Souza conta que já chegou a esperar 30 minutos por um táxi. “À noite é o pior horário. Eu acho que é necessário ter mais táxis”, afirma. A dona de casa Thenys Hirt Ramos também teve dificuldade em encontrar o serviço. “Há uns 15 dias tentei pegar um táxi na frente de um mercado e não achava. Não tem só que ter para a Copa, tem que ter sempre”, considera.

Novas placas

O aumento da frota de táxis na cidade divide opiniões dos taxistas. Pedro Moreira, que é taxista há 15 anos, defende as novas placas. “Nos horários de pico a gente vê o ponto cheio de passageiros e não tem táxis para atender”. João Gabriel Júlio, que trabalha com táxi há 21 anos, também acha que é preciso aumentar o número de veículos. Ele não é permissionário e sonha em ter placa própria. “Trabalho um dia sim, dia e noite, e no outro não. Já são 10 anos de noites sem dormir. Se eu tiver meu carro vou ganhar menos, mas vai ser meu”, diz.

Já Vanderlei João Bortolotti, taxista há 43 anos, não quer que sejam tantas as novas placas. “Até pode aumentar, mas não tanto; que soltem as cento e poucas placas que estão presas”, destaca. “Falta carro em horário de pico, depois do meio do mês não falta, porque o pessoal fica sem dinheiro”, revela Vanderlei. “Vamos ter prejuízo”, acredita. Rachid Veiga Oliveira também é contra. Para ele, o problema não é a falta de táxis e sim a mobilidade urbana. “O complicado é o trânsito caótico, não dá tempo de atender todos os clientes”, ressalta.

Categoria na expectativa há mais de 35 anos

O presidente do Sindicato dos Taxistas do Estado do Paraná (Sinditáxi-PR), Abimael Mardegan, é favorável à liberação de mil novas placas em Curitiba. “Choveu, não tem táxi; de noite também não tem. Os carros particulares vão para a rua por causa disso. Os estacionamentos cobram horrores por causa da demanda”, comenta. “O prefeito devia atender a população, pois há mais de 35 anos não cai um carro novo na praça”, complementa.

Com a aproximação da Copa do Mundo de 2014, Mardegan acredita que as ações devem ser rápidas. “A Copa está aí e leva quatro a seis meses para colocar um carro para rodar. Se prorrogar isso demais vai dar uma confusão enorme”, pontua.

O sindicato defende pontos livres na cidade inteira, para dar direitos iguais aos taxistas. “Com ponto livre todo mundo circula igual, vai ter uma melhor distribuição. Assim, não acumulam táxis no Centro e não faltam nos bairros”, explica o presidente. Outra luta d,o sindicato é o aumento da bandeira 2 de R$ 2,40 para R$ 2,60. Segundo Mardegan, isso estimularia os profissionais a trabalhar à noite, reduzindo o déficit. “Dos 2.252 táxis, cerca de 900 rodam à noite. Com aumento da bandeira 2 vai estimular uma ampliação”, destaca.

Novos carros ainda em 2013

De acordo com a Urbs, o edital de licitação para as novas placas deve ser publicado até o final deste mês. A intenção é que até o final do ano os novos veículos estejam rodando na cidade. A Urbs informou ainda que foi finalizada uma sindicância para levantar a situação real das permissões, que está sendo analisada pela diretoria. Os resultados não serão divulgados antes da análise.

“Fizeram a Lei Seca e não tem táxi para atender essa demanda”, considera o presidente do Sinditáxi-PR, Abimael Mardegan. “Por causa disso está acontecendo uma invasão enorme de táxis de outros municípios, pessoas se aproveitando da ocasião, motoqueiros que levam veículo pessoa para casa, quando era um serviço para os taxistas. A prefeitura não está vendo isso no âmbito geral”, finaliza.