Simpósio discute relação entre HIV e sistema nervoso

O Simpósio Internacional HIV e Sistema Nervoso, que teve início ontem e se encerra hoje, em Curitiba, é ponto de partida para um projeto de pesquisa pioneiro no Brasil, que será desenvolvido na Seçção de Virologia do Serviço de Análises Clínicas do Hospital de Clínicas (HC). Com incentivo financeiro da Universidade da Califórnia e do Ministério da Saúde dos Estados Unidos, o objetivo do projeto é desenvolver um estudo detalhado da relação entre a aids e o sistema nervoso.

Segundo o médico que coordena o projeto, Sérgio Monteiro Almeida, as pesquisas vão se concentrar nas manifestações dos subtipos de HIV no sistema nervoso central. ?Há cerca de dez subtipos de HIV e cada um tem um comportamento diferenciado, O nosso trabalho vai focar os subtipos B e C, presentes no Sul do Brasil?, explicou.

A proporção traz 30% dos pacientes com tipo C e o restante do grupo B, que é predominante nos Estados Unidos e no continente europeu. No final dos anos 70s, quando foram registrados os primeiros casos de aids no mundo, as pesquisas iniciais apontavam para o comprometimento inicial do sistema imunológico, responsável pelas defesas do organismo. Hoje, a constatação é outra. ?Há também o comprometimento significativo do sistema nervoso, que pode ser atingido na fase inicial da doença. Em casos extremos, o vírus pode provocar um pequeno nível de demência. Daí a importância dos estudos das alterações neurológicas e cognitivas?, diz.

Qualidade

Com as pesquisas detalhadas da ação dos subtipos de HIV no sistema nervoso em mãos, os médicos pretendem buscar tratamentos e mecanismos que garantam aos pacientes uma melhor qualidade de vida. ?Em síntese, a intenção é buscar tratamentos que permitam que os portadores do HIV consigam se manter em seus empregos, dirigir um carro ou fazer tarefas do cotidiano que muitas vezes são obrigados a deixar de lado?, afirma o médico Ronald Ellis, da Universidade da Califórnia, em San Diego. Ele é um dos especialistas que iniciaram o trabalho há dois anos, ainda nos Estados Unidos, e aposta no trabalho conjunto com o Brasil para o sucesso da empreitada. Nas pesquisas, estarão envolvidos voluntariamente portadores do vírus HIV registrados na Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

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