Mobilização

Servidores da saúde protestam na Praça Santos Andrande

A sobrecarga dos servidores, a falta de leitos em hospitais e as más condições de trabalho são algumas das reclamações dos funcionários municipais da saúde de Curitiba. Eles se reuniram hoje na Praça Santos Andrade, para mostrar à população a situação da saúde e evitar agressões de usuários, que muitas vezes os veem como “culpados” pela desassistência nas unidades.

Os servidores carregavam placas com dizeres como “terceirizar faz mal à saúde”, “saúde está na UTI” e “menos assédio moral, mais respeito”. De acordo com Irene Rodrigues, da direção do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), uma das reivindicações dos trabalhadores é a falta de condições nas unidades de saúde. “A prefeitura estendeu o horário de dez unidades até às 22h, só que não foi contratado nenhum servidor. O atendimento fica precário”, afirma.

Segundo Irene, os trabalhadores da saúde querem a gratificação que foi repassada aos demais servidores. “Todas as autarquias, fundações e secretarias tiveram um incremento de R$ 386 no vencimento básico, e a saúde foi deixada de lado”, diz. Eles exigem ainda carga horária de 30 horas para todos servidores da saúde – dos cerca de sete mil funcionários da área, seis mil têm essa jornada. “Nós defendemos que o tratamento seja igual, porque alguns profissionais ainda não foram contemplados”, pontua.

A falta de leitos nos hospitais, resultando em internações nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), é criticada pelos servidores. “Os trabalhadores das UPAS têm toda a qualificação para fazer o atendimento, no entanto não existem os equipamentos necessários, não há infraestrutura”, explica Irene. Com a mobilização, os servidores pretendem mostrar à população o quadro da saúde municipal, “porque tem acontecido muita violência com os servidores por parte dos usuários, então a gente quer deixar claro que não são os trabalhadores lá da ponta que são os ‘culpados’”.

Depoimentos

Maria Aparecida Tozini de Paula é funcionária da saúde municipal há 35 anos. Ela reclama que na unidade onde trabalha costumam faltar materiais e o espaço físico é pequeno. Maria gostaria de estar aposentada, mas diz que não o fez ainda porque perderia benefícios e isso derrubaria seu padrão de vida. “Tem muita gente que não tem mais nem saúde para trabalhar e continua para não perder esses benefícios”, relata.

Lucimara Fediuk trabalha na vigilância sanitária e cumpre uma carga horária de 40 horas. “Luto pelas 30 horas, porque melhora a qualidade de vida das pessoas. Aqueles que já tiveram a jornada reduzida exercem melhor a função, tem maior produtividade, diminui o número de atestados”, diz.

Secretaria responde

A Secretaria Municipal de Saúde informou que desde o início do ano está discutindo com os trabalhadores para melhorar as condições de trabalho.  A administração municipal está investindo na qualificação dos servidores e vai capacitar mais de 300 profissionais através de curso em parceria entre Ministério da Saúde e Hospital Sírio Libanês.

Em relação à jornada de 30 horas, a secretaria esclarece que as negociações com os trabalhadores estão avançadas e em breve haverá definição. Sobre as unidades que tiveram horário estendido, o órgão diz que houve remanejamento dos profissionais – ninguém estaria trabalhando a mais, mas houve diminuição de profissionais nos t,urnos existentes. A secretaria informou ainda que está programando um concurso para ampliar o quadro. Quanto à falta de leitos nos hospitais, a administração está negociando desde o começo do ano com os hospitais para melhorar o índice.