Serra Verde alega prejuízo de R$ 500 mil com interdição de ferrovia

Durante os 44 dias em que esteve com as viagens suspensas devido ao acidente na ponte sobre o Rio São João, na Serra do Mar, ocorrido no mês de julho, a empresa Serra Verde Express, concessionária que faz o transporte de passageiros pela linha ferroviária turística Curitiba-Paranaguá, acumulou um prejuízo de R$ 500 mil. Os números foram divulgados ontem, quando também voltou o funcionamento da linha, numa viagem realizada pela manhã com 90 passageiros, entre funcionários da empresa e turistas.

Técnicos da Serra Verde fizeram uma auditoria e apuraram os dados estatísticos que comprovam o volume de arrecadação perdido com o acidente. No período de paralisação, cerca de 15 mil passagens deixaram de ser vendidas e seis mil já compradas tiveram o valor devolvido.

Esses dados constam em um relatório que foi apresentado durante uma reunião entre a Serra Verde, a ALL, Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Ministério dos Transportes, realizada em Curitiba, há cerca de dez dias. Uma cópia do relatório também foi entregue ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, na última quinta-feira.

O ressarcimento do prejuízo está sendo discutido administrativamente entre a empresa, a América Latina Logística (ALL), responsável pela manutenção e operação de do trecho, e a RFFSA, encarregada da fiscalização da linha. A Serra Verde vai aguardar até o dia 20 de outubro para que as duas entidades apresentem uma resposta para a questão. Caso nenhuma providência seja tomada, a empresa deve tomar medidas judiciais. “Percebemos que tudo caminha para um acordo. Só iremos buscar as últimas instâncias, caso nada se resolva”, disse Adonai Arruda, presidente da Serra Verde.

A assessoria de imprensa da ALL informou que existe no contrato firmado entre as partes, o ressarcimento de prejuízos por tempo de paralisação, e que negociações estão sendo realizadas para solucionar o caso. O representante da RFFSA em Curitiba estava viajando e não quis se manifestar sobre o assunto sem estar a par da situação. Segundo o relatório apresentado pelos técnicos da Serra Verde, os prejuízos acumulados desde a data de início da operação da empresa, em 1997, na linha ferroviária da Serra do Mar, podem chegar a R$ 10 milhões. O presidente da empresa informou que todos os cálculos feitos sobre outras paralisações da linha, despesas com terceiros, entre outros itens podem chegar a esse valor.

Viagem

Na terça-feira uma viagem “experimental” para observar alguns detalhes da composição foi realizada pelos técnicos da Serra Verde. A empresa possui 18 vagões e três litorinas que são utilizadas para o trajeto. A capacidade total da composição é de 900 pessoas. O passeio foi reativado após a liberação do laudo da construtora Roca e expedido pela ANTT, no dia 26 de agosto. “A linha já estava operando com cargas desde o dia 20 de agosto. Nós aguardávamos a liberação da ANTT. Eles nos encaminharam o laudo na sexta-feira, e fizemos a viagem com os técnicos para somente depois voltarmos com os passeios”, explicou o presidente da Serra Verde.

Os passeios feitos pela Serra Verde foram cancelados quando, no dia 19 de julho, um trem da ALL descarrilou e despencou na Serra do Mar. Trinta e cinco dos 45 vagões da composição carregados de milho, açúcar e farelo foram despejados no rio. Desde terça-feira os técnicos da ALL trabalham na retirada dos vagões que caíram da ponte. Eles estão sendo cortados e içados por um guincho até vagões novos, que se encontram em um desvio de 60 metros. A operação não está atrapalhando o funcionamento normal da linha ferroviária. “Está tudo normal e de acordo com os laudos a segurança está garantida. Então as viagens vão transcorrer tranqüilamente”, concluiu Arruda.

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