Sem terrinha vão às ruas pedir direitos

Ontem, enquanto muitos meninos e meninas esperavam com ansiedade os presentes do Dia das Crianças (comemorado hoje), filhos de assentados e acampados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná promoveram, em Curitiba, uma caminhada em defesa de seus direitos à educação, moradia e dignidade. Carregando faixas e cartazes, eles saíram do Palácio Iguaçu, no Centro Cívico, em direção à Praça Santos Andrade.

?As crianças e adolescentes que vivem nos acampamentos e assentamentos paranaenses do MST convivem com uma série de dificuldades para poder estudar. Dos 280 assentamentos existentes, apenas oitenta têm escolas. Nelas, faltam infra-estrutura e material didático. Já nos locais desprovidos de escola, os alunos enfrentam longas jornadas para chegar às salas de aula, muita lama e a dificuldades dos ônibus escolares em entrar nos assentamentos. Precisamos chamar a atenção das autoridades e da população para tudo isso?, disse o integrante do setor de educação do MST, Alex Verdério.

Entre os pequenos participantes da caminhada, muitos se mostravam conscientes dos problemas enfrentados. Era o caso do garoto Maci Lio, de 14 anos, que vive no assentamento 9 de Abril, em Jardim Alegre, na região central do Estado. ?No meu assentamento, precisamos que sejam construídas mais escolas. Existe apenas uma que atende 700 alunos em três turnos. É muito pouco?, afirmou.

Já a adolescente Hélida Santi Pereira, de 14 anos, integrante do assentamento Chapadão, do município de Laranjal, na região centro-oeste, reclamou da falta de recursos em sua escola. ?Faltam materiais didáticos, laboratórios e um ginásio de esportes. Praticamos exercícios físicos, mas todas as nossas atividades práticas são realizadas em espaços improvisados. Além disso, temos pouco acesso aos livros?, revelou.

No assentamento Emiliano Zapata, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, faltam locais próprios para que as crianças possam brincar. Isso é o que conta a moradora do local, Maria de Fátima dos Santos, de 11 anos. ?Falta uma quadra de esportes e um parquinho. Muitas vezes, eu, meus irmãos e meus amigos não temos onde brincar. Viemos até Curitiba para conversar com o governo e pedir que ele nos ajude.?

Em paralelo à caminhada, dois grupos de sem terrinha levaram suas reivindicações ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e à Secretaria de Estado da Educação (Seed). As crianças devem permanecer na capital até o final do dia de hoje, quando devem realizar uma visita ao zoológico de Curitiba e participar de uma festa em comemoração a 12 de outubro. Na cidade, elas estão instaladas na chácara do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Paraná. 

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