Sem terra invadem praças de pedágio no Oeste

Duas praças de pedágio da concessionária Rodovia das Cataratas, na região Oeste do Estado, foram invadidas novamente, ontem pela manhã, por aproximadamente 400 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os manifestantes se dividiram nas praças de Candói e de Cascavel (BR-277). Eles liberaram a passagem dos veículos durante cinco horas.

Segundo representantes da concessionária, os trabalhadores sem terra abriram as cancelas e retiraram os funcionários do local, que foram encaminhados para o prédio administrativo da praça de pedágio. De acordo com a concessionária, a Polícia Militar (PM) estava acompanhando a ação a distância. Uma lona preta foi colocada nas janelas do prédio administrativo para os funcionários não observarem o tumulto. Os representantes da Rodovia das Cataratas também informaram que, durante a ação, os manifestantes realizaram cobranças dos motoristas e arrecadaram dinheiro com a invasão.

O protesto do MST seria uma retaliação à reintegração de posse, que também aconteceu durante o dia de ontem, da fazenda Três Marias, no município de Manoel Ribas. O anúncio de cumprimento de reintegração de posse da fazenda Campo Real, pelo governo estadual, também teria sido o outro motivo para a invasão dos dois pedágios.

Há duas semanas, os trabalhadores rurais sem terra realizaram uma ação semelhante. As duas praças da Rodovia das Cataratas ficaram invadidas por um dia, em protesto contra a reintegração da fazenda Campo Real. Na ocasião, o governo desistiu da reintegração, mas dessa vez a manifestação não impediu que o mandado fosse cumprido.

Secretaria

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o MST estaria ameaçando invadir outras praças de pedágio do Estado, caso o governo continuasse cumprindo as reintegrações. O secretário Luiz Fernando Delazari afirmou, no entanto, que se outras manobras continuarem sendo realizadas, a polícia será acionada. O MST não se pronunciou sobre o caso.

A fazenda Três Marias começou a ser desocupada ontem, às 8h30, logo após os policiais negociaram a saída dos integrantes do MST. De acordo com a Sesp, 400 pessoas estavam no local há mais de um ano. Na terça-feira à noite, outros 400 manifestantes teriam chegado ao local. Os trabalhos de reintegração prosseguem na manhã de hoje. Os trabalhadores serão levados para uma área cedida pela prefeitura de Manoel Ribas.

Desocupação

A Organização Civil pelos Direitos Humanos, Terra de Direitos, informou que vai acompanhar toda a movimentação que está acontecendo na fazenda Três Marias. A entidade acompanha as violações do trabalho e verificam denúncias de violência contra o MST. Eles informaram, diferentemente da Sesp, que mais de duas mil pessoas estavam acampadas no local de 900 hectares.

Segundo a organização civil, todas as movimentações na área acampada por integrantes do MST será observada. “Atuamos há dois anos no Estado e acompanhamos a questão das desocupações em todo o Estado”, disse Maria Rita Reis, que faz parte da organização. “Dessa vez não vai ser diferente, qualquer movimentação na região Oeste vai ser monitorada”, concluiu.

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