Sem descanso na passagem de ano

Enquanto milhões de pessoas estarão brindando a chegada de 2006 com taças de champanhe na mão, cercada por familiares, outras tantas passarão a virada do ano trabalhando. Alguns profissionais, cujos serviços são imprescindíveis, terão de se contentar em fazer uma prece solitária, desejando tudo de bom para o próximo ano. É o caso de médicos, policiais, bombeiros e jornalistas. Outros até participarão das festividades, mas estarão pegando no pesado para garantir a alegria da turma, como cozinheiros, garçons e músicos, envolvidos com os eventos.

A supervisora de operações de emergência da Copel, Neiva Schiavon Santos, se acostumou com a idéia de trabalhar na virada do ano. Nos últimos oito anos, ela só escapou da escala do Réveillon em três oportunidades. ?Sou casada e tenho um filho de 19 anos. Mas já estamos acostumados. Eles ceiam em casa e eu no trabalho, e no dia seguinte fazemos a festa em família?, diz. Além dela, mais quatro colegas trabalharão na virada, para garantir o perfeito abastecimento de eletricidade. De diferente nos atendimentos de emergência neste período, está o aumento da incidência de problemas ocasionados por fogos de artifícios, que caem nas redes elétricas, e acidentes com veículos que derrubam pontos elétricos. ?Temos um funcionário a mais que nos dias normais e uma rede de eletricistas a postos?.

Quem também trabalha bastante na virada do ano são os profissionais do Corpo de Bombeiros, no litoral paranaense. O tenente Leonardo Mendes dos Santos, na corporação há nove anos, caiu mais uma vez na escala da virada. ?Minha esposa é filha de militar e é compreensiva. No quartel, é feita uma ceia e deixamos o clima o mais descontraído possível, porque a virada é apenas um símbolo. Os sentimentos positivos têm que ser perpetuados?, acredita. Enquanto milhares de pessoas estiverem fazendo festa nas praias, ele já prevê uma noite agitada. ?As pessoas costumam ingerir muita bebida alcoólica e comida e não querem deixar de cumprir a simpatia de pular as ondas?, conta. Com a visibilidade comprometida, o risco de acidentes no mar aumenta. Outro problema comum nas praias são os acidentes com fogos de artifícios. ?Nesse caso, quem atende é o pessoal do Siate, através do 193?.

Para garantir a festa de quem está de folga, a Polícia Militar também está no batente. Sob o comando do capitão César Kamakaua, 128 policiais estão escalados para garantir a segurança. ?Já são oito temporadas trabalhando na virada?, garante o capitão. No momento da contagem regressiva para 2006, os policiais estarão na contagem regressiva para a garantia de total segurança. ?No ano passado conseguimos reduzir as ocorrências isolando a Atlântica e proibindo o som alto. Mas estamos preparados para conter confusões?.

Por falar em excessos, os hospitais também costumam ficar movimentados entre o dia 31 dezembro e 1.º de janeiro. Mesmo aqueles que não têm pronto-socorro, como o Hospital de Clínicas (HC), terão plantonistas na virada. ?Como não ia viajar, acabei sendo voluntária?, diz a chefe de enfermagem do HC, Teresa Nalepa. Ela será responsável pela assistência de pacientes internados e garante que vai festejar a virada com aqueles que podem. ?Dá para ver os fogos da janelas e em alguns setores há televisão. Será uma virada solidária?. 

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