Seca baixa reservatórios da RMC em até 2,5 metros

A falta de chuvas no Paraná continua preocupando órgãos ligados ao abastecimento de água e a agricultura. De acordo com a Sanepar, nos reservatórios que abastecem Curitiba e região metropolitana, o nível da água chega a 2,5 metros abaixo do registrado em igual período do ano passado. No interior, rios também perdem vazão rapidamente, colocando o Estado em situação de alerta. Já o Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), estima que grandes perdas nas culturas de milho safrinha e trigo serão inevitáveis. A meteorologia não traz previsões animadoras: o final do outono e o inverno devem seguir a tendência que vigora até agora, de chuvas esparsas e insuficientes na maior parte das regiões do Estado.

De acordo com o diretor de Operações da Sanepar, Wilson Barion, a baixa significativa do nível da água nas represas do Iraí, Passaúna, Capivari e Piraquara, principalmente, é digna de atenção. ?É hora de chamarmos a população ao uso racional da água. Se nos próximos noventa dias não chover, a situação pode se complicar?, avisa. Racionamentos, até lá, não serão necessários, adianta o diretor da Sanepar. Na análise dele, o tempo para o qual o abastecimento está garantido é suficiente para a espera de chuvas mais volumosas.

Afora a situação de Campo Largo, onde a situação é a mais complicada do Estado, por conta da baixa vazão do Rio Itaqui, o interior também sofre com rios cada vez mais escassos de água. ?Em todas as regiões, seja no norte, oeste ou sudoeste, não chega a faltar água, mas os rios perdem vazão de maneira acentuada ano após ano?, afirma. O Rio Iguaçu, por exemplo, apresenta ilhas de areia em diversos pontos onde há poucos anos seria inimaginável, segundo Barion. ?Outro exemplo é o Rio Caviúna, em Apucarana, que perdeu mais da metade da vazão nos últimos trinta anos.? O motivo, atesta, são os desmatamentos nas regiões das bacias hidrográficas: ?Quebra-se o ciclo hidrológico e tende a chover cada vez menos?.

Perdas

No campo, a situação não é diferente. De acordo com a engenheira agrônoma do Deral, Margorete Demarchi, o milho safrinha, já em fase de colheita, aguarda quebra de 5,4%, diminuindo a expectativa de produção de 3,54 milhões de toneladas para 3,35 milhões. Para o trigo, ainda em fase de plantio, as expectativas são ainda piores. ?Estamos trabalhando com quebra de 6%. Há partes do Estado, como o sul e o sudoeste, em que os produtores não conseguem nem plantar por falta de chuva?, afirma. Para essa cultura, das 2,47 milhões de toneladas previstas, somente 2,32 milhões devem ser colhidas este ano. A exceção fica por conta do café e da cana-de-açúcar. ?Estão em início de colheita, quando o clima seco é favorável?, ressalva a engenheira.

Com relação ao setor elétrico, o clima não preocupa, uma vez que a distribuição de energia interligada com outras regiões produtoras do País garante o abastecimento. A Copel informa que o sul é a única região com baixo percentual de armazenamento de água para geração de energia, com reservatório médio na faixa dos 30%.

Segundo o meteorologista Lizandro Jacobsen, do Instituto Tecnológico Simepar, o inverno tende a manter o quadro de chuvas irregulares e abaixo do normal. Desde maio até agora, a quantidade de chuva está em torno de 10% a 15% do normal para a época do ano. Os principais problemas se concentram na região dos Campos Gerais e no norte do Estado.

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