Sanepar vistoria ligações clandestinas de esgoto

As ligações irregulares de esgoto podem trazer muitos problemas para a população e ao meio ambiente. A não interligação com a rede da companhia de saneamento da cidade pode resultar em esgoto nas galerias pluviais, que levam a água das chuvas até o rio. Conseqüentemente, o esgoto também é despejado, sem tratamento algum.

Segundo o gerente da unidade regional da Região Metropolitana de Curitiba – Leste da Sanepar, Fábio Queiroz, o processo inverso também acontece. A água pluvial acaba entrando na rede de esgoto, o que causa o refluxo do material que deveria ir para tratamento dentro das residências ou estabelecimentos comerciais e industriais. Estas são as principais irregularidades em Curitiba.

Para a empresa, o principal objetivo é detectar as ligações irregulares nesta situação. Queiroz explica que o diâmetro das tubulações da rede de esgoto são pequenas, variando entre 10 e 15 centímetros, enquanto as galerias têm cerca de 80 centímetros. Nos dias de chuva, quando existe esta ligação, a rede não consegue dar vazão pela grande quantidade de água nas regiões mais baixas da cidade, resultando no retorno do esgoto pelos vasos sanitários e ralos. Quando isso ocorre, a Sanepar faz a limpeza e desinfecção do local atingido. “Isso complica a situação de outras pessoas. O esgoto retorna em vários locais e não só naquela casa onde existe a ligação irregular”, afirma.

Ele ressalta que um problema de rompimento da rede também pode causar a transferência do esgoto para as galerias, fazendo com que seja jogado nos rios, em lugares de fundo de vale. O material pode ainda aflorar no solo. “Por isso são necessárias as equipes de prevenção e correção. O trabalho de vistoria precisa ser contínuo. As regiões onde costumam acontecer problemas são acompanhadas sempre”, relata Queiroz.

Há dez anos, a empresa aplica o Programa de Despoluição Ambiental (PDA), que consiste em mandar equipes para vistorias onde existe rede de esgoto, com objetivo de verificar irregularidades. Uma das ações é colocar corante vermelho dentro das residências. Enquanto a substância é usada, um técnico verifica no poço de visita (PV), localizado na calçada ou na rua, se o corante chegou até à rede. Se não aparecer, pode ser que o esgoto esteja indo para as galerias pluviais. Queiroz esclarece que existe um trabalho em conjunto com a Prefeitura Municipal de Curitiba, responsável pelas galerias. Quando são detectadas irregularidades que fogem de seu raio de ação, as duas partes trocam informações para solucionar o problema.

Na região leste, há 30% de irregularidades

A maior concentração da rede de esgoto está localizada na região leste de Curitiba, representando 60% do nível de atendimento. O norte e o sul possuem 45%. Queiroz comenta que nos últimos três anos 87.304 pontos foram vistoriados na região leste. Cerca de 75 mil apresentavam algum tipo de irregularidade, sendo que 45 mil já atenderam a notificação da Sanepar. O gerente explica que isto significa 70% das ligações da área leste totalmente regulares.

A empresa de saneamento tem uma série de normas em relação à interligação com a rede de esgoto. Um trabalho de conscientização foi realizado com construtoras para evitar as conexões ilegais. Mas Queiroz acredita que ainda falta a percepção dos pequenos construtores, que erguem as próprias casas. Ele orienta que estas pessoas procurem a Sanepar para obter maiores informações. “Dependendo do tamanho da residência, a empresa não exige a aprovação do projeto. A Sanepar precisa aprovar o sistema de água e esgoto somente em casas com mais de 400 metros quadrados e prédios”, explica Queiroz.

Depois que a ligação irregular é detectada, a Sanepar notifica o proprietário, que tem 30 dias para regularizar a situação. A Sanepar retorna após este prazo para verificar o que foi feito. Caso a pessoa não tome nenhuma providência, a prefeitura é acionada para multar o responsável.

Para Queiroz, a educação ambiental é o segredo para tentar diminuir a quantidade de ligações irregulares futuramente. “Quando se faz um trabalho em determinado bairro, dependendo do problema, uma equipe de assistentes sociais vão junto com os técnicos para explicar a necessidade da rede e como usá-la. Isso evita que o problema se repita no futuro”, avalia.

As secretarias municipais do Meio Ambiente e de Obras não quiseram se manifestar sobre o assunto. (JC)

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