A Sanepar conseguiu a liberação de recursos para investir nas Comunidades Remanescentes Negras, chamadas de quilombolas. Serão cerca de R$ 5 milhões da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que favorecerão 16 comunidades, com mais de 2.300 pessoas. Esses recursos são para obras de infra-estrutura, como instalação dos sistemas de água tratada e de esgoto sanitário.
Para o período de 2008 e 2009, a Sanepar está articulando a liberação de recursos para atender com obras de saneamento básico outras 23 comunidades quilombolas. Originadas dos antigos quilombos ? redutos de escravos foragidos ? as comunidades quilombolas, ao longo dos anos, se tornaram locais de convivência de seus descendentes.
A diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Maria Arlete Rosa, foi quem negociou junto à Funasa, argumentando sobre a urgência e necessidade das obras para as comunidades negras. ?Por meio da Sanepar, o governo do Estado está assegurando às comunidades quilombolas o desenvolvimento econômico e social, com mais saúde e garantia dos direitos de cidadania?, disse Maria Arlete.
As 16 comunidades negras que serão beneficiadas estão localizadas em dez municípios (veja o quadro abaixo o total de famílias por comunidade). Em Adrianópolis estão cinco comunidades: Bairro Córrego do Franco, Comunidade Negra Rural de Córrego das Moças, Comunidade Negra Rural de Sete Barras, João Sura e Porto Velho. Curiúva conta com as comunidades de Água Morna e Guajuvira; em Campo Largo, a Palmital dos Pretos; em Castro são duas: Limitão e Mamans. Em Guarapuava, Pinhão e Reserva do Iguaçu estão 322 famílias, que fazem parte da Comunidade Invernada Paiol de Telha; Guaraqueçaba têm duas, a Batuva e do Rio Verde e na Lapa, os grupos de Feixo e Restinga. Por último, em Ponta Grossa, a Comunidade Negra Rural de Sutil.
Água e esgoto
O Programa Saneamento Rural da Sanepar, responsável pelas intervenções da Sanepar em comunidades distantes dos centros urbanos, executa as obras para levar água tratada e também coletar, tratar o esgoto. Por meio do programa, o sistema de água, por exemplo, é construído pela Companhia e operado pelos próprios habitantes.
Dos cerca de R$ 5 milhões da Fundação, a ser investidos nas comunidades quilombolas, mais de R$ 2,6 milhões serão aplicados nos sistemas de abastecimento de água e outros R$ 2,4 milhões para os de esgoto sanitário.
Quilombolas no Paraná
Até o ano de 2004, acreditava-se na existência de apenas três comunidades quilombolas em todo o Estado do Paraná. As conhecidas, até então, eram a Comunidade Sutil, em Ponta Grossa, Invernada do Paiol de Telha, em Guarapuava e a comunidade negra de Doutor Ulysses, no Vale da Ribeira.
Porém, essa informação foi atualizada quando a Secretaria da Educação realizou o primeiro encontro de educadores negros. Descobriu-se a existência de pelo menos 12 comunidades negras no Paraná. Logo depois, o levantamento e diagnóstico social realizados pelo Grupo de Trabalho Clóvis Moura, patrocinado pela Secretaria da Educação, identificaram que eram 22 e, agora, o indicativo é de 86 comunidades.
Até o ano passado, 50 comunidades foram visitadas, das quais 14 já são reconhecidas pelo Governo Federal e pela Fundação Quilombo dos Palmares como quilombolas. Outras 20 comunidades que estão com o processo de reconhecimento em andamento, são atendidas pelo governo do Estado, por meio de várias secretarias e órgãos públicos, como os direitos a educação, moradia, água tratada, luz, entre outros.