Restaurador, o preservador da história

"O passado nunca conhece seu lugar. O passado está sempre presente". A frase do poeta Mário Quintana serve bem para ilustrar a importância da preservação para a história ou memória de uma população. E quando esses elementos são deixados de lado, entra em cena o trabalho do restaurador, que tem o papel de resgatar tudo isso.

Especializada em pintura mural, a restauradora Carmen Paluch trabalha há mais quatro anos na área. Entre os trabalhos que já realizou estão o teatro e capela do seminário de Rio Negro, a igreja matriz de Paulo Frontin, e as igrejas de Ascurra e Rio do Sul, em Santa Catarina.

Atualmente, ela trabalha na restauração do Fórum de Rio Negro, que deve ser entregue à comunidade no mês de agosto. O local, inaugurado em 1928, depois de pronto, irá se tornar um ponto turístico da cidade.

Para Carmen, ao iniciar uma restauração, o profissional conta sempre com um elemento surpresa, "pois você nunca sabe o que vai encontrar". O primeiro passo do trabalho, conta, começa com testes de tintas para se chegar o mais próximo possível do original. Na maioria dos casos também é preciso descamar a parede para achar a primeira pintura. No Fórum de Rio Negro, por exemplo, existiram cinco camadas de tinta em cima da pintura original.

Caro

Como esse tipo de trabalho é delicado, e na maioria das vezes caro, muitas pessoas acabam desistindo da idéia de restaurar uma obra pela falta de recursos. Mas Carmen destaca que a restauração é um projeto interessante para empresas que queiram investir em responsabilidade social.

Ao contrário de muitos restauradores, que participam de concorrência pública em busca do trabalho, Carmen visita obras que tenham interesse histórico e capta recursos no mercado para executar a obra.

"Eu tenho afinidade com o trabalho de alguns pintores, e procuro suas obras para restaurar", comentou. Entre os artistas que ela tem afinidade estão Pedro Cechet, autor do seminário de Rio Negro e das igrejas de Rio do Sul e Ascurra; e os irmão Anacleto e Carlos Garbaccio, responsáveis pela igreja de Campo Largo, cujo projeto ela está procurando parcerias.

Paciência: arma para quem restaura

Paciência. Esse é o principal atributo que um restaurador precisa ter, afirma Ieda Alves Antunes, que trabalha há mais de dez anos com restauração em gesso, cerâmica e madeira. Cerca de 80% das peças que ela recupera são sacras. No final do ano o trabalho aumenta, "pois muitas pessoas querem restaurar as peças do presépio".

De acordo com Ieda, a maioria dos objetos que chega ao ateliê é considerada de grande valor afetivo, "e para que se consiga deixar o mais parecido com o original é preciso trazer todos os pedaços para compor a colagem, recuperação e pintura". Entre os trabalhos mais difíceis que já realizou, conta Ieda, está a imagem de um santo que fica em uma capela em Mandiritura, na Região Metropolitana de Curitiba. "A imagem estava fixada em uma gruta, e eu precisei ficar abaixada para conseguir trabalhar", lembrou. (RO)

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