Reflorestamento não vence devastação

No Paraná, assim como em outras regiões brasileiras, a devastação ambiental ocorre de maneira muito mais rápida do que a recuperação, de forma mais acentuada nos últimos 50 anos.

“Em todo Estado, com maior destaque nas regiões oeste e sudoeste, a degradação ocorreu principalmente em função da atividade agropecuária. De forma pontual, a extração de madeira, areia e argila também foram responsáveis pela redução das áreas de floresta”, explica o professor de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Maurício Balensiefer, um dos responsáveis pelo VII Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas Degradadas, que está sendo realizado em Curitiba.

Na maioria das vezes, as empresas que promovem trabalhos de recuperação de regiões degradadas fazem o plantio de mudas de árvores. Entretanto, a iniciativa, embora positiva, não é considerada a mais eficiente.

De acordo com o especialista, um procedimento de recuperação ainda pouco usado, mas tido como mais rápido e de sucesso, é a transposição de solo. Através dela, a camada superficial de terra retirada de uma área em processo de degradação é transferida e colocada em outra de recuperação.

“Quando se vai realizar um trabalho de mineração, por exemplo, toda a camada superficial de solo é retirada. Entretanto, nesta existem sementes que, se colocadas em uma outra área de terra, geminariam e facilitariam o processo de recuperação da mesma. Há alguns anos, um estudo chegou a apontar a presença de 325 mil sementes de diversas espécies por hectare de camada superficial de terra”, afirma.

Outro método sugerido é a construção de poleiros de pássaros artificiais nas áreas em recuperação. Os equipamentos atrairiam os pássaros, que por sua vez pousariam nos mesmos, defecariam e, através das fezes, realizariam a disseminação de sementes.

“A construção de poleiros e a transposição de solo são procedimentos baratos e que geram resultados positivos. Em relação ao valor, chegam a custar até R$ 2 mil a menos por hectare do que a realização de plantio.”

Na opinião de Balensiefer, a sociedade como um todo deve estar atenta a questões ligadas à degradação florestal. Caso contrário, o problema tende a aumentar cada vez mais, em função de novos desmatamentos, cortes ilegais e incêndios.

“De imediato, acredito que seja necessário fazer a recuperação da mata ciliar e a implantação da reserva legal (na qual cada propriedade deve ter 20% de área desocupada e destinada à manutenção da vegetação florestal). As florestas são responsáveis pela regulação do clima, recuperação da água e do solo. Além disso, áreas degradadas são focos de doenças.”