Receita pede apoio do Exército na fronteira

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Operação Cataratas reduziu contrabando em 90%.

 Brasília (AE) – A Receita Federal pediu apoio do Exército Brasileiro para reforçar a fiscalização na região de fronteira de Foz do Iguaçu (PR). O arrocho na fiscalização, com o início há duas semanas da operação Cataratas de combate ao contrabando, gerou um clima de tensão entre os fiscais e os sacoleiros que trazem ilegalmente mercadorias do Paraguai. Os sacoleiros, comerciantes e taxistas tentam impedir a fiscalização. Políticos dos lados brasileiro e paraguaio também estão pressionando pelo afrouxamento da fiscalização, alegando que a operação traz prejuízos para a economia da região.

A Receita estima que cerca de US$ 5 milhões em mercadorias entrem ilegalmente no País, diariamente, pela ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este. O delegado da Receita em Foz, José Carlos de Araújo, informou que com a Operação Cataratas o contrabando na região caiu 90% nas duas primeiras semanas. Segundo Araújo, o Exército pode ajudar na segurança.

A operação mobiliza também as polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal e o Ministério Público. Ele considerou natural o aumento da pressão contra a fiscalização, mas advertiu que a Receita vai continuar o trabalho. Comerciantes e políticos paraguaios chegaram a bloquear, na semana passada, a Ponte da Amizade, numa demonstração de força e organização.

Os sacoleiros também estão organizando comboios de ônibus para fugir da fiscalização. Quatro ônibus apreendidos na operação foram queimados, nesse último fim de semana, em protesto contra a fiscalização.

Financiamento

O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, disse que a resistência à fiscalização estaria sendo financiada. "Eles não estão operando sozinhos", disse. Segundo Rachid, o aperto na fiscalização da Receita esse ano em Foz tem dado resultados muito positivos, inclusive com a redução da criminalidade na região. "O que nós queremos é que a economia de Foz se desenvolva em cima de um turismo saudável", disse Rachid.

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), Emerson Kapaz, o governo nunca esteve tão correto em apertar o cerco da fiscalização na região da fronteira de Foz do Iguaçu. O ETCO é uma organização não-governamental que visa combater o contrabando e a falsificação de produtos. "O problema na região vem ganhando grandes proporções e a operação tem que ter apoio do Brasil inteiro", disse Kapaz.

Segundo ele, a região virou uma grande porta de entrada para o contrabando e falsificação não só de produtos paraguaios, mas de todo o mundo. "O eixo da região de Foz pode ser considerado a ‘ONU’ (Organização das Nações Unidas) do contrabando, por onde entram produtos da Coréia, China, Paraguai e outros países", alertou o executivo. Pelos cálculos do ETCO, o Brasil perde cerca de US$ 10 bilhões com o contrabando na região de Foz. Kapaz ressaltou que o mercado ilegal financia um "estado paralelo" , que corrompe políticos e membros do Executivo e do Judiciário. "Muitos políticos foram eleitos com caixa 2 desse mercado ilegal", disse.

O presidente da Associação Protetora dos Direitos Intelectuais Fonográficos (Apdif), Valdemar Gomes, considera inaceitáveis as pressões para a redução da fiscalização em defesa de empregos informais. "Estão fazendo apologia do crime. Não é porque falta emprego que vamos aceitar o crime", disse ele. Gomes disse que o Brasil perde empregos com o contrabando e a falsificação. Segundo ele, só com falsificação e contrabando de CDs e DVDs musicais a perda é de R$ 1 bilhão por ano.

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