Rádios comunitárias ganham espaço na mídia

O papel das rádios comunitárias ganha destaque em bairros e pequenas cidades, mesmo com o advento das grandes mídias. Na verdade, o setor que se direciona à comunidade, partindo do que é interesse para seus membros, acaba tomando importância maior na atualidade, justamente por resgatar o que os veículos maiores não dão conta: o simples ou aparentemente irrelevante assunto que tanto chama atenção da comunidade. A boa notícia é que qualquer pessoa pode montar uma rádio comunitária e que o ramo é cada vez mais promissor também para o mercado da comunicação.

Prova da necessidade das rádios comunitárias – que funcionam abrangendo microrregiões, sem fins lucrativos e com a participação popular, veiculando o que é de interesse da localidade – é o aumento do interesse de leigos em montar uma delas no seu bairro ou cidade. ?Esses veículos atendem o objetivo de agregar coisas simples, não se prendendo a uma programação macro?, enfatiza o jornalista e radialista Marcelo Cabral, organizador do evento Tudo Sobre Rádio Comunitária, que acontece desde sexta-feira até hoje, em Curitiba. No ramo há dez anos, percebeu a necessidade de esclarecer de uma só vez o motivo pelo qual muita gente o procurava. ?Existe muita dúvida sobre o que fazer, tanto por parte do leigo quanto do estudante. As pessoas me perguntavam sobre o projeto, os equipamentos e o que fazer com o apoio cultural sem pender para o lado comercial, o que torna a rádio economicamente viável?, explica. De acordo com Cabral, na capital existem duas rádios comunitárias já perfeitamente regulamentadas – a Rádio Comunitária do Boqueirão e a Rádio Curitiba -, além de uma com processo em andamento, a Tatuquara.

Estruturação

O cunho é comunitário, mas o trabalho para montar a emissora acaba sendo de profissional. Há leis que regem o setor e que devem ser rigorosamente cumpridas. A rádio comunitária deve contar com um projeto a ser aprovado pelo Ministério das Telecomunicações e atender, acima de tudo, aos interesses específicos da comunidade. Pode contar com profissionais de comunicação, que dão uma ajuda importante na orientação dos interessados. A sustentabilidade vem de apoios culturais de empresas ou setores ligados à comunidade, mas longe do caráter promocional.

Todo o trabalho vale a pena, acredita o radialista Antônio Carlos Dominiak, que participou do evento. Ele atua na Rádio Comunitária FM Campo Bonito, região de Cascavel. ?Começamos em 1999, quando a cidade não tinha nenhum veículo de comunicação?, recorda. Para ele, o mais interessante é desenvolver seu trabalho junto com a comunidade. ?Transmitimos jogos, missas, festividades. As pessoas vêm ao estúdio e participam de verdade?, garante.

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