Insatisfeitos

Radiologistas do Hospital de Clínicas estão em greve

Os pacientes do Hospital de Clínicas (HC) que tinham agendamento para raio-x e outros exames de imagem terão seus horários remarcados diante da greve de parte dos técnicos em radiologia da instituição, iniciada nesta quarta-feira (25). Cada caso será avaliado, mas devem ser atendidos com prioridade somente os pacientes que estão no Pronto Atendimento e situações de emergências. Normalmente, são 110 exames por dia. Somente nesta quarta-feira, 50 deixaram de ser realizados, segundo o hospital.

“O usuário deve comparecer porque parte dos exames será feito. A recepção do raio-x vai orientar a remarcação ou chamar para a remarcação. A orientação do hospital para a equipe é de que avalie se existe risco em adiar o exame”, afirmou Heda Amaranti, diretora-geral do HC, vinculado à Universidade Federal do Paraná (UFPR). As consultas que dependem dos exames também serão re-agendadas.

De acordo com ela, coincidentemente houve um problema técnico com um tomógrafo e os casos que necessitam deste exame serão repassados para uma instituição contratada especificamente para dar apoio no atendimento em situações como esta.

Marcos Borges
Heda Amaranti, diretora-geral do HC,
destaca que exames serão remarcados. Veja na galeria de fotos o HC.

A greve dos técnicos em radiologia, que fazem parte do quadro de servidores do hospital, teve início depois de um impasse sobre o cumprimento de uma decisão judicial. Um grupo de 25 profissionais entraram na Justiça em 2008 para requerer o pagamento dos adicionais de insalubridade e de exposição à radiação ionizante.

Houve decisão favorável para os trabalhadores em outubro do ano passado. Eles cobram a aplicação imediata dos benefícios, que representam 40% a mais no salário. A UFPR alega que não pode cumprir a decisão judicial por conta de um erro processual.

A universidade não teria sido citada e não se manifestou na ação dos trabalhadores. Diante disto, não haveria força executória na decisão. O problema deve ser solucionado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, onde tramitava o processo, de acordo com a UFPR. A universidade ainda informa que o corte de um dos adicionais foi decidido pelo Ministério do Planejamento, que entendeu não haver motivos para o acúmulo de adicionais.

Segundo os próprios técnicos em greve e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (Sinditest), há três diferentes casos entre os profissionais: os que não recebem adicionais, os que possuem apenas um benefício e aqueles que recebem parte dos valores. Ninguém recebe os 40%. “Todo técnico precisa receber estes 40% pelo excesso de radiação. Corremos riscos todos os dias”, comenta Romilda Santos, técnica em radiologia que está em greve.

De acordo com João Batista Pansini, servidor também em paralisação, os problemas com os adicionais vem ocorrendo há anos. Ele mesmo entrou na Justiça em outra oportunidade, em 1991, para conseguir o pagamento de um adicional, que ficou fixado desde então. “Estes 30% da época se transformaram em 3%. Hoje recebo 13% de adicional. Faltaria 27%”, esclarece.

A ação judicial beneficia os 25 trabalhadores que reivindicaram o pagamento dos adicionais, mas posteriormente pode ser estendida para o restante dos servidores que atuam no serviço de radiologia do HC ,por conta da isonomia, prevista em lei, segundo o Sinditest. O sindicato também afirma que a UFPR tem condições de aplicar já o adicional para os servidores.

De acordo com o HC, 60 técnicos em radiologia trabalham no setor, sendo 44 servidores do quadro da UFPR – o restante tem vínculo com a Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar). Dos 44 servidores, 25 entraram com a ação judicial. Na manhã desta quarta-feira, cinco servidores e dois técnicos contratados pela Funpar deveriam trabalhar. Somente um servidor apareceu, além dos dois da Funpar. “É um erro de interpretação dos funcionários que está causando prejuízos aos usuários. A universidade e o hospital não têm nenhuma oposição ao benefício. Não é verdade que existe má vontade. Está completamente fora do nosso alcance”, afirma a diretora-geral do HC, Heda Amaranti.

Ela afirma que o Ministério Público Federal deve analisar a legalidade da paralisação. À princípio, de acordo com o Sinditest, deve ser mantido 30% do quadro de funcionários do setor de radiologia. Isto seria alcançado com os trabalhadores contratados pela Funpar.

Veja na galeria de fotos o HC.

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