Público em Guaratuba fica aquém do esperado

Apesar de reunir menos pessoas que o esperado, o Carnaval 2006 de Guaratuba foi prova de que misturar tradição e modernidade pode deixar a festa para lá de animada. Os organizadores esperavam um público de 300 mil pessoas. No entanto, de acordo com o capitão da Polícia Militar Adilson dos Santos, e o comandante do Corpo de Bombeiros, tenente Andrey Falkner, o número de foliões não chegou a 150 mil. Com espaço ideal para pular na avenida central, a folia em Guaratuba começou pouco depois das 21h de segunda-feira e só foi terminar por volta das 4h de ontem.

Estrategicamente posicionadas na avenida, as pessoas aguardavam os desfiles da escola de samba e dos blocos carnavalescos. Para recepcionar passistas, bateria, bailarinos e os blocos da velha e nova guardas, muitos moradores enfeitaram as fachadas das casas e as sacadas dos prédios com balões, máscaras e fitas coloridas. Uma das casas enfeitadas especialmente para o Carnaval era a da autodenominada "Família Buscapé". "Há seis anos usamos esse título no Carnaval. Hoje aqui tem quinze pessoas das famílias Dejanutti, Siste e Rodela. Só paramos de festar quando acaba o barulho", conta a curitibana Suzelaine Siste, 33 anos.

Os primeiros a entrar na avenida, abrindo o Carnaval de Guaratuba, foram os integrantes da tradicional Escola de Samba Unidos de Guaratuba, pela 16.ª vez, e o Bloco da Velha Guarda. Como porta-bandeiras e representantes do bloco da terceira idade da escola lá estavam Hortência Margarida Flora, 78 anos, e Joaquina Negochadle, 72. Dona Hortência pula Carnaval em Guaratuba há 35 anos e dona Joaquina há 12. As duas têm a mesma disposição e ânimo para percorrer a avenida, da Rua Ponta Grossa à praça. "O próximo Carnaval vai ser tão animado quanto este. Garanto que tenho ânimo suficiente para estar aqui de novo no próximo Carnaval", diz Hortência. "Eu adoro e pulo mesmo", revela Joaquina, usando a fantasia em comemoração aos 25 anos da Banda de Guaratuba.

Trios

Quando terminou o desfile, pouco depois das 22h, a multidão continuou festejando, agora atrás dos trios elétricos. Os foliões podiam escolher qual dos quatro parecia o mais animado para seguir. Primeiro veio o Canibal, trazendo a Banda de Guaratuba, que completou 25 anos, animado ao som das marchinhas. Em seguida vieram: o 40 Graus, com a Banda Energia Brasil; o Exterminador, ao som do grupo Contradição; e, por último, o Trio Mamute.

Atrás de cada trio, as pessoas pulavam sem parar, com os mais divertidos figurinos. As 17 meninas de Curitiba se divertem e chamam a atenção com a fantasia de domésticas uniformizadas no Carnaval de Guaratuba. "Há seis anos que a gente usa a mesma fantasia", conta a dona da idéia, Cassandra Pedroso. Sidnar e Cleuza Andreatta, por sua vez, se vestiram de casal árabe. Eles pulam no Carnaval de Guaratuba há dez anos, cada ano com uma fantasia. "Curtimos bastante. Só estamos esperando o trio chegar para a gente segui-lo", diz Cleuza. Até o Lula e o Bin Laden caíram na folia.

Oficializada vitória da Embaixadores

Elizangela Wroniski

Depois de muita briga e pancadaria na apuração do desfile de Carnaval de Curitiba, no último domingo, o resultado foi oficializado em uma reunião realizada ontem, só com a participação dos presidentes das escolas, do presidente da Liga das Escolas de Samba e membros da Fundação Cultural de Curitiba. A Embaixadores da Alegria, que já havia sido apontada como vitoriosa, ficou com o primeiro lugar, seguida da Acadêmicos da Realeza e Mocidade Azul.

A festa ontem na quadra da tri-campeã, Embaixadores da Alegria, começou às 21h e não tinha hora para acabar. Para a presidente da escola, Suzy Franco D’Avila, o resultado foi justo. "Foi merecido. Trabalhamos bastante e nos esforçamos muito para que tudo desse certo", avalia. Segundo ela, a acusação de que a escola demorou cinco minutos para entrar na avenida, o que resultaria no desconto de cinco pontos, foi infundada. "Quem perde sempre fala alguma coisa. Mas tem que mostrar no papel, provar. Não há o que contestar", afirma. A escola também acabou levando 10 dos 11 troféus de destaque, que premiam o melhor samba, porta-bandeira, mestre-sala, fantasia, entre outros.

Para o presidente da escola vice-campeã, Paulo Roberto Scheunemann, a derrota não está sendo fácil de engolir. "Ficou um gosto amargo na boca. Foi visível o atraso que a Embaixadores teve para entrar na avenida. Deveria ter perdido cinco pontos", argumenta. Se isso tivesse acontecido, a campeã seria a Acadêmicos da Realeza. Mas apenas um ponto foi descontado. "Ficamos chateados porque tivemos tanto cuidado com todos os detalhes", diz Paulo. O carnavalesco vai sugerir que em 2007 as pessoas responsáveis pela conferência sejam mais preparadas.

Para o presidente da Liga das Escolas de Samba, Saul D’Avila, a confusão deste ano não atrapalha a festa. Ele atribuiu a briga a um número pequeno de pessoas. "São torcedores que se dedicaram o ano todo para a escola e acabaram perdendo o controle", comenta. Em quarto lugar ficou a Escola de Samba Jesus Bom a Beça e, em último, a Escola Unidos de Pinhais, que caiu para o Grupo B. Do Grupo B, a Escola Internautas acabou sendo promovida para o Grupo A.

Funk divide espaço com axé nos clubes

Rosângela Oliveira

Estilos musicais como funk carioca e ritmos baianos dividiram espaço com as tradicionais marchinhas de Carnaval na segunda noite de festa do Paraná Clube. Já as fantasias foram deixadas de lado e muitos foliões optaram por roupas confortáveis para brincar na festa. Porém teve gente que não abriu mão de um pequeno adereço. Mas a principal característica desse Carnaval foi a volta das famílias para o salão.

Foi a segurança e a tranqüilidade que levaram o casal Cláudia e Marcos Marques a trocar o Carnaval no litoral pelo clube. Depois de passarem 12 horas confeccionando uma peruca colorida, afirmaram que a escolha foi a mais acertada. "Aqui a gente consegue reunir os amigos e a família para brincar a festa com respeito", disse Cláudia. Dirce e Ruy Guissoni prepararam uma fantasia especial para pular as três noites de Carnaval. Eles só perderam em animação para Aurea Dias, carioca da gema que há mais de trinta anos mora em Curitiba. Ela acompanha todos os ritmos, mas admite que prefere as marchinhas. "Quando meu marido estava vivo, eu saía escondida para pular todas as noites. Cheguei a ganhar um concurso de fantasia."

"Hoje o litoral não consegue mais atender a todos os foliões, que estão resgatando a brincadeira no salão", comentou o gerente social do Paraná Clube, Luiz Carlos Casagrande.

Evento católico carismático atrai 20 mil

Lígia Martoni

Pelo menos 20 mil pessoas passaram durante o Carnaval pelo Gabaon, evento realizado pelo Movimento de Renovação Carismática Católica há 17 anos em Curitiba e que arrasta multidões para a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Segundo os organizadores, a cada ano o evento tem atraído mais jovens. "As pessoas se alegram, cantam e se divertem, tudo direcionado ao lado espiritual", comenta o responsável pelo evento, Celso Luiz Sangali.

Nos bailes noturnos, os foliões católicos se mexem ao som de diversos ritmos, embalados por equipes de dança no palco. "É importante uma opção como essa no Carnaval, porque durante essa época fica mais fácil o jovem cair no mundo das drogas ou do álcool em um momento de fraqueza", diz Sangali. "Nosso objetivo é oferecer uma oportunidade de se encontrarem com eles mesmos, com Deus e com suas próprias vidas."

Os jovens surpreendem pela presença maciça. Um exemplo são as estudantes Bárbara Dias e Karolyne Martins, de 15 e 17 anos, que participam do grupo de jovens da Paróquia São José Operário. "A gente vem para buscar a Deus. Mesmo durante os shows, tem várias paradas para falar de uma passagem da Bíblia", explica Bárbara. "E aqui todo mundo vem para se encontrar com Deus. É diferente do Carnaval, em que muita gente acaba indo para as drogas", complementa Karolyne.

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