Psiquiatra alerta contra o autodiagnóstico

Quem nunca escutou alguém utilizar a expressão “fora da casinha” para se referir a uma pessoa que começa a falar coisas estranhas e ter atitudes anormais? Para quem não sabe, a expressão é mais “científica” do que se imagina, e realmente quer dizer “delírio”. Mas o que, afinal, causa essa “saída da casinha”, mais conhecida como “loucura”?

Na opinião do médico psiquiatra Paulo Rogério Bittencourt, que lançou o livro Fora da casinha – Uma análise histórica da loucura através dos séculos, uma das explicações não é tão complexa assim: a junção do excesso de sensibilidade e da falta de razão levam, muitas vezes, ao autodiagnóstico, que consequentemente pode levar à insanidade e até à morte.

Casos recentes e que tiveram bastante repercussão, como o do ator Heath Leadger – que interpretou o personagem Coringa no último filme do Batman – e, mesmo aqui no Brasil, o caso do rapaz que quase jogou um avião em cima de um shopping em Goiânia, são típicos de insanidade.

“São pessoas que se acham, pensam que sabem tudo sobre o cérebro e se auto- medicam, o que é muito perigoso”, comentou o médico. O livro faz uma revisão histórica da humanidade do ponto de vista da sanidade. Porém, a ideia de escrevê-lo surgiu de uma viagem que Bittencourt fez à África.

“Percebi que muitos dos males dos africanos estão ligados à loucura. A loucura de se achar e fazer coisas erradas, mas pensar que são certas. E na África ainda há o agravante da influência que eles têm dos pajés, feiticeiros e bruxos. Tudo isso já se sabia na era medieval”, constatou.

O médico se indigna com alguns casos que não precisa nem ir muito longe para detectar, tudo influenciado pelo fácil acesso às informações que se tem hoje. “Tenho pacientes que chegam no meu consultório dizendo que já sabem que têm depressão e que tipo de remédio devem tomar. Um perigo”, contou.

Tudo isso, segundo Bittencourt, pode provocar as chamadas mortes violentas inesperadas – que em geral são provocadas por esse “excesso de sensibilidade” – e até os suicídios, assuntos que também são tratados no livro.

A questão de alguns gênios que foram tidos como loucos, mas mesmo aqueles que de loucos não tinham nada, mas que igualmente expressavam muito bem a sua arte conforme seus valores, também são tratados no livro. “Tenho certeza que a obra trará bons conhecimentos históricos para o leitor”, afirmou o médico.

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