Projeto de reciclagem da terra é sucesso

Um projeto destinado a reciclar um tipo especial de terra importada dos EUA, usada como elemento filtrante no processo de descontaminação e regeneração do óleo isolante empregado em transformadores e outros equipamentos elétricos, está valendo o reconhecimento de todo o setor à Copel na área ambiental.

O trabalho mereceu o grau máximo na categoria Ações Ambientais do Prêmio Fundação Coge, um dos mais respeitados e conceituados de todo o Brasil. A Copel foi representada na cerimônia de premiação realizada em Florianópolis por seu diretor de Gestão Corporativa, Gilberto Griebeler.

Terra contaminada

O trabalho dos técnicos Pedro Roberto Carpenedo e Silas Batista Gomes Júnior, ambos da área de distribuição da Copel com base em Cascavel, é um verdadeiro achado que vem ajudar a resolver um antigo passivo ambiental das empresas de eletricidade.

O óleo isolante, um derivado do petróleo, é usado na refrigeração das partes internas de transformadores e outros equipamentos elétricos. Com o passar do tempo, algumas das suas propriedades físicas, químicas e dielétricas se alteram e passam a se deteriorar, comprometendo sua eficiência. Para corrigir essas modificações e recolocar o óleo em condições de uso, o material é submetido a um tratamento que inclui a filtragem com um tipo especial de terra, de características muito peculiares e obtida em jazidas nos estados americanos da Flórida e Geórgia, capaz de reter as impurezas e promover reações químicas com as substâncias contaminadas.

Mas um resultado nocivo desse tratamento regenerativo era o resíduo tóxico e altamente poluente em que se convertera essa terra especial, que tem o nome de ?terra Füller? e que é comprada à razão de quase US$ 1 o quilo. Impregnada de óleo contaminado, a terra usada permanecia acondicionada e guardada em depósitos, já que seu puro e simples descarte poderia contaminar o lençol freático. Algumas empresas optavam por incinerá-la.

Solução

Na observação do problema, surgiu uma proposta inovadora apresentada pelos técnicos da Copel. E uma solução bastante simples, na verdade: eles acharam que seria possível pegar a terra impregnada de impurezas, lavá-la e usá-la novamente.

Baseados no princípio de que óleo e água não se misturam, os técnicos experimentaram colocar num recipiente porções de terra contaminada e adicionar água, na proporção de 2 litros de água para cada quilo de terra. Sucesso: o óleo com suas impurezas desprendeu-se da terra que ficou depositada no fundo limpa e tão boa como se parecesse nova: o grau de pureza conseguido chegou a 92%. Para acelerar a reciclagem, eles incorporaram ao processo um sistema de aquecimento.

Concentrado na superfície, o óleo mineral contaminado passou a ser facilmente removido e armazenado em tambores, que depois são encaminhados a empresas autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo para reprocessamento. Assim, além de solucionar o problema do resíduo tóxico, a medida também permitiu poupar a demanda por petróleo.

Reuso indefinido

Já a terra Füller, livre do óleo, só precisava passar por uma secagem antes de poder ser novamente usada: análises comprovaram que as propriedades físicas e químicas do material não sofreram alterações significativas depois do uso e da lavagem, e que sua reciclagem era, portanto, perfeitamente possível. ?Estamos usando as mesmas porções de terra Füller pela quinta vez e ela continua muito eficiente?, relata Silas Gomes Jr, um dos autores do trabalho.

Graças a esses resultados, a Superintendência Regional de Distribuição Oeste da Copel, cuja área de atuação abrange o atendimento a cerca de 500 mil ligações elétricas em municípios do Oeste e Sudoeste, nem irá comprar as 5 toneladas de terra Füller que seriam necessárias para regenerar os 100 mil litros de óleo isolante que deverão passar por tratamento no ano que vem. ?Além de evitar a produção de 5 toneladas de terra Füller contaminada, poupamos a demanda por petróleo e permitimos à Copel economizar o dinheiro que seria gasto para importar mais terra Füller?, complementa Silas, cujo projeto também foi destacado num seminário interno da estatal que tem por objetivo incentivar a criatividade e o surgimento de soluções inovadoras entre os empregados. Seu prêmio, representar a Companhia num seminário técnico internacional na área de materiais elétricos que será realizado na Espanha.

Segundo o diretor de Gestão Corporativa da Copel, Gilberto Griebeler, o compromisso da Copel com o ambiente inclui o incentivo a políticas de desenvolvimento sustentável, a programas de preservação e o apoio a projetos voltados à redução de eventuais passivos ambientais.

Voltar ao topo