Projeto da Sema pretende acabar com lixões no Paraná

O destino do lixo produzido no Paraná é tema de discussão e polemica há vários anos. De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), cerca de 19 mil toneladas de lixo por dia são levados aos aterros sanitários e lixões das cidades paranaenses. Em Curitiba e Região Metropolitana (RMC) são 2,3 mil toneladas produzidas.

A principal rota para o lixo da capital e dos outros catorze municípios da região é o aterro do Caximba, que funciona há 15 anos. Apesar desse exemplo, os lixões ainda predominam em todo o Estado como forma de armazenamento de todos os resíduos retirados das cidades.

Segunda a Sema, 118 municípios expõem o lixo a céu aberto e correm sérios riscos de contaminação. Diversas doenças são ocasionadas pelo contato com vetores transmissores, que vivem nesses locais, entre eles, ratos, moscas, baratas e mosquitos. O acúmulo do lixo nas grandes cidades favorece o aparecimentos desses vetores em dias que acontecem enchentes após forte chuvas.

Para isso, a Secretaria está desenvolvendo, desde o ano passado, uma campanha de conscientização da população, com o projeto Desperdício Zero. A ação inicial é a extinção de todos os lixões do Paraná. Para substituí-los, serão construídos aterros sanitários.

O secretário Luiz Eduardo Cheida afirmou que todos os esforços estão sendo feitos para que os lixões sejam extintos, mas que a responsabilidade principal é dos municípios. Para ele, cada um apresenta uma forma de coletar e de trabalhar com o lixo, mas que os lixões a céu aberto deverão acabar. Segundo a Secretaria, o Estado vai auxiliar todo o processo de implantação dos aterros. “Os lixões acabam contaminando o solo e os mananciais, causando doenças em animais e nos humanos. É um problema de saúde, e que diz respeito a toda à sociedade”, afirma.

Segundo a Sema, as prefeituras cederão os terrenos para os aterros e o Estado treinará operadores encarregados de trabalhar nesses locais.

Outro ponto fundamental da campanha é a redução no volume do lixo em pelo menos 30%. “A partir do momento que todos estiverem cientes desse problema, os hábitos começarão a mudar. A separação dos diferentes tipos de resíduos, além da diminuição do volume do lixo, é essencial para que possamos controlar o crescimento desse problema”, completa Cheida.

A Secretaria está contando com o apoio de mais de cem parceiros nessa campanha. Empresas que adotaram o procedimento estão ressaltando para seus funcionários a importância da separação dos resíduos que vão para o lixo.

Projeto usa o lixo para produzir energia

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 100 mil toneladas de lixo são produzidas no País diariamente. Desse total, 70% ficam a céu aberto, nos conhecidos “lixões”. Algumas políticas para reverter esse quadro vêm sendo realizadas pelos governos estaduais para melhorar a situação. Mas mesmo assim, as dificuldades são grandes. Além disso, a conscientização da população é um dos pontos fundamentais para que o volume de lixo produzido reduza.

Uma das alternativas para resolver a situação seria o reaproveitamento do lixo.

O bacharel em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), César Aparecido Silva, desenvolveu um projeto que pode ser uma das soluções para todo esse problema. A proposta apresentada pelo projeto se baseia no reaproveitamento dos resíduos orgânicos. Todo esse material encontrado no lixo serviria de matéria-prima para geração de energia.

O projeto do engenheiro ambiental visa ao aproveitamento do biogás ou gás biometano, que é produzido após a degradação da matéria orgânica encontrada no lixo que é encaminhado aos aterros sanitários. Atualmente, nesses locais, todo o gás é jogado fora, por meio de pequenas chaminés localizadas nos aterros. Mas, segundo César, ele poderia ser aproveitado de maneira inteligente e ao mesmo tempo economizaria tempo e espaço nos aterros. “Como ele utiliza a matéria orgânica, boa parte dos resíduos que seriam levados para um aterro, já fica pela metade do caminho. Aproveitaríamos essa parte dos resíduos para gerar energia, e ao mesmo tempo, contribuímos, reduzindo a quantidade de lixo que é encaminhada aos aterros”, explica.

O bacharel conta que o projeto “Biorreator Alveala” funciona como uma colméia. São várias células, ou seja, vários tanques interligados por canos que armazenam a matéria orgânica separada do lixo. Através da queima desses resíduos, junto com uma espécie de bactéria em forma inerte (em pó), o gás produzido passa pela tubulação, sendo direcionado para uma usina que aproveitará a energia produzida.

Segundo César, uma pequena “colméia” de biorreatores armazena 200 toneladas de matéria orgânica por dia e produz cerca de 3,2 megawatts, suficiente para abastecer uma cidade com população de até 50 mil habitantes. “Há uma renovação contínua, já que logo após a combustão dos resíduos, nova matéria orgânica é colocada nos tanques. E, além disso, não existe a possibilidade de contaminação dos lençóis freáticos, já que a colméia fica acima do solo”, completa.

Hospitais têm mais prazo para cumprir a legislação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prorrogou para 15 de julho o prazo, que terminaria na semana passada, para que hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios e outras unidades de saúde cumpram as exigências legais para manejar, tratar, acondicionar e transportar o lixo gerado desde o momento da produção até o destino final (aterramento, radiação, incineração).

A Resolução n.º 36, que determinou o adiamento, foi publicada no Diário Oficial da União. A ação objetiva proteger os profissionais que lidam diretamente com o gerenciamento dos resíduos, para evitar a transmissão de infecção ou riscos de contaminação à saúde humana, além de preservar o meio ambiente de possíveis focos tóxicos.

As regras permanecem as mesmas estabelecidas na resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) de n.º 33, resultado de um trabalho conjunto de técnicos da Anvisa e profissionais dos setores envolvidos como meio ambiente, limpeza urbana, indústria farmacêutica e associações médicas.

A partir de 15 de julho, os responsáveis pelas unidades de saúde que descumprirem os critérios serão punidos de acordo com a Lei 6.377/77, que fixa as notificações e multas que podem variar de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. Outra norma a ser cumprida é a exigência do treinamento dos profissionais das prestadoras de serviço de limpeza, para que trabalhem com segurança para prevenir acidentes e riscos de contaminação ao meio ambiente.

Mutirão de limpeza no Conjunto Guaraqueçaba

Os moradores do conjunto habitacional Guraqueçaba, na região Sul de Curitiba, estão com os quintais mais limpos. A Prefeitura realizou ontem um mutirão e recolheu cerca de 10 toneladas de lixo. Segundo a agente comunitária Neusa Guedes, a medida ajuda a evitar doenças como a leptospirose e também deixa o bairro mais bonito.

No ano passado, a Prefeitura realizou dezesseis mutirões de limpeza em vários bairros de Curitiba. São retirados todo tipo de entulho, desde madeiras e móveis velhos até material de construção e resíduos de poda de árvores. “Queremos que as pessoas se habituem a ter os seus quintais limpos. Com espaço dá até para fazer uma horta”, explica o administrador regional do Bairro Novo, Gerson Sabino. Segundo ele, o trabalho já está mostrando resultado. As pessoas estão mais conscientes e na operação eles iam recolher a metade do lixo obtido no primeiro mutirão.

Neuza acompanhou toda a operação. Segundo ela, com um bairro mais limpo, as pessoas vão ter mais saúde. “Muita gente reclamava da quantidade de ratos e baratas. A limpeza vai ajudar a evitar doenças”, fala. O mutirão também ajuda no combate a dengue, já que são eliminados dos quintais possíveis criadouros do mosquito.

Além de deixar o bairro mais bonito, os moradores puderam contar ainda com a ajuda da retoescavadeira para pequenos serviços. “Na frente da minha casa, vivia empoçando a água. Agora eles colocaram terra e o problema vai ser resolvido”, comenta Salvador de Oliveira, 75 anos. No mutirão estiveram envolvidos 28 pessoas. (Elizangela Wroniski)

Voltar ao topo