Programas de saúde mental atingem poucos

No Paraná existem cerca de 40 mil pessoas com problemas mentais. Apenas 4% delas recebem atendimento especializado ou estão inseridas em programas de saúde mental. A informação é da pedagoga da Associação Gerando Saúde Mental, Angela Gomes, que está participando de um encontro sobre o assunto promovido pela Secretaria de Estado da Educação, no Centro de Convenções de Curitiba.

?São pouquíssimos os programas existentes e também os profissionais habilitados a trabalhar com saúde mental. Voltado ao atendimento de crianças, existem apenas cinco psiquiatras em todo o Estado. Enquanto isso, os pacientes têm seus quadros agravados por falta de tratamento adequado, sendo que diversos problemas mentais poderiam estar sendo até prevenidos?.

Apesar de campanhas de esclarecimento à população serem realizadas com relativa freqüência, o preconceito é outro problema que aflige os pacientes. Historicamente, os transtornos mentais são associados à loucura e, quando se fala em loucura, muita gente acredita que o ?louco? deve ser fechado em um hospício e afastado de todo convívio social.

Na atualidade, as políticas de saúde existentes visam justamente o contrário, buscando acabar com o isolamento e aproximar o doente mental da comunidade em que ele está inserido. ?O certo é que o paciente receba tratamento em hospital específico ou comum e depois tenha alta e volte a suas atividades normais, sendo assistido por um profissional. Porém, muitas vezes não é possível que isto aconteça?, afirma. ?No que diz respeito às crianças, por exemplo, além de faltarem vagas em escolas especiais, é difícil inseri-las nas escolas regulares, pois a maioria dos professores não são capacitados para recebê-las?.

Nas cidades do interior do Paraná, os problemas ainda são mais graves, pois os pacientes geralmente são encaminhados ao Centro Psiquiátrico Metropolitano de Curitiba, ?onde muitas vezes chegam a esperar seis meses para conseguir uma consulta?. Depois da consulta, os doentes voltam para suas cidades, onde normalmente não há profissionais que possam assisti-los. ?No encontro no Centro de Convenções, estamos reunindo médicos clínicos gerais de 131 municípios. A intenção é de que, com a supervisão de um psiquiatra de Curitiba, eles possam estar preparados para trabalhar com pessoas vítimas de transtornos mentais em suas próprias regiões?, finaliza Angela.

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