Programa amplia proteção à mulher

A partir de agora todos os tipos de violência contra a mulher vão ser notificados em Curitiba através do programa Mulher de Verdade, lançado pela Prefeitura em 2002. Até agora só eram registrados os de natureza sexual. A enfermeira Maria Goretti Lopes diz que é importante ampliar a notificação, já que a violência sexual representa apenas 3,3% do total. Ontem, o assunto foi debatido na capital, marcando o início das atividades em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado na próxima segunda-feira.

O programa foi lançado em 2002, quando atendeu 455 mulheres vítimas de violência sexual. Em 2003, foram 625. Do total, 52,2% eram de Curitiba e o restante da Região Metropolitana. A faixa etária mais atingida é de 10 a 19 anos, com 42,5%. Depois, de zero a nove anos, com 28%, e por último a faixa dos 20 aos 29 anos.

A advogada Miriam Ventura, da Advocacia-Cidadã, do Rio de Janeiro, acredita que Curitiba tem avançado em relação à maior parte do País. Isso porque, segundo ela, o programa Mulher de Verdade proporciona um atendimento global e humanizado. “Aqui se fala para procurar um posto de saúde, em outros lugares só se pode procurar a delegacia”, diz Miriam.

A delegada Darli Rafael diz que poucos casos são denunciados e que só com a punição aos agressores é possível combater o problema. Setenta por cento das agressões são cometidas dentro de casa.

Segundo a vice-presidente do Conselho Estadual da Mulher de São Paulo, Muna Zeym, no Brasil a cada 8 minutos uma mulher é morta e a cada quatro uma é violentada. Mesmo assim ela avalia que a sociedade já deu passos importantes para reverter a situação. “Hoje já se fala abertamente sobre o assunto”, afirma.

Muitas ainda não denunciam

Números da Delegacia da Mulher de Curitiba mostram que as mulheres têm procurado com maior freqüência a delegacia para relatar abusos. As denúncias de lesões corporais, por exemplo, saltaram de 734 em 2002 para 1.330 em 2003, um aumento de 55%. Segundo a delegada Darli Rafael, o que aumentou foi o número de mulheres que tiveram coragem de registrar queixa. Para ela, porém, muitas mulheres ainda temem denunciar. Darli alerta as pessoas para que não se acomodem diante de uma situação como essa. “Quando acostumamos com as coisas ruins e elas vão se tornando naturais, isso demonstra uma decadência de valores”, ressaltou a delegada.

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