A primavera 2025 se despede neste domingo (21/12) deixando marcas no Paraná. A estação foi caracterizada por temperaturas mais baixas que o normal e chuvas abundantes, conforme dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Um levantamento realizado pela Defesa Civil Estadual revela que as ocorrências de eventos climáticos severos mais que dobraram em comparação ao ano anterior.
Foram registradas 224 ocorrências nesta primavera, contra 102 no mesmo período do ano passado. Os vendavais passaram de 72 em 2024 para 150 registros em 2025. Já os episódios de granizo quase quintuplicaram, subindo de 11 para 53 ocorrências.
Enquanto os alagamentos mantiveram-se estáveis (de 12 para 11), outro dado chama atenção: oito tornados foram identificados este ano, fenômeno que não havia sido registrado na primavera anterior. Por outro lado, as chuvas intensas diminuíram de 7 para 2 ocorrências.
Como foi a primavera no Paraná
Setembro começou com temperaturas acima da média histórica em quase todo o território paranaense. O volume de chuvas dividiu o estado: metade das estações meteorológicas registrou índices dentro ou acima da média, enquanto a outra metade ficou abaixo do esperado. Logo no primeiro dia da primavera, em 22 de setembro, um tornado categoria F1 atingiu Santa Maria do Oeste, prenunciando a instabilidade que marcaria a estação.
Outubro surpreendeu com temperaturas até 2°C abaixo da média histórica. Estações em Cornélio Procópio, Laranjeiras do Sul, distrito de Horizonte (Palmas) e Santo Antônio da Platina registraram as temperaturas mais baixas para o mês desde a instalação. Outras doze estações bateram recordes negativos de temperaturas máximas, indicando dias consistentemente mais frescos. Apesar da sensação de chuvas constantes, o volume pluviométrico ficou abaixo da média em 25 das 43 estações meteorológicas com mais de cinco anos de operação.
Novembro trouxe temperaturas dentro ou abaixo da média histórica na maior parte do estado, enquanto o volume de chuvas superou a média em quase todo o Paraná. Apenas nove das 41 estações com mais de seis anos de funcionamento registraram índices pluviométricos abaixo do esperado, incluindo Antonina, Fazenda Rio Grande, Francisco Beltrão, Palmas, Paranaguá, Guaraqueçaba e União da Vitória.
O dia 7 de novembro ficará marcado na história climática do estado. Três tornados causaram destruição em onze municípios, em meio a tempestades típicas de primavera com abundante ocorrência de granizo. A fase negativa da Oscilação Antártica favoreceu a formação de sistemas frontais sobre o Sul do Brasil, intensificando os eventos severos.
Neste dia específico, o ramo frio de um ciclone extratropical formado sobre o Sul do Brasil criou condições para o desenvolvimento de tempestades de forte intensidade. Algumas nuvens, em ambiente de extrema instabilidade termodinâmica, evoluíram para supercélulas, caracterizadas por rotação em torno de seu eixo vertical. O cisalhamento vertical intenso do vento, combinado com o transporte de ar quente e úmido, foi determinante para a intensificação das tempestades.
Após duas semanas de trabalho, a equipe de meteorologia e geointeligência do Simepar emitiu um laudo técnico confirmando que o evento de 7 de novembro de 2025 é considerado um dos maiores desta categoria no Paraná nos últimos 30 anos, levando em conta o número de tornados simultâneos, a população afetada e o nível de destruição observado.
Chuvas acima da média
O final da primavera manteve o padrão de instabilidade, com mais tempestades e grandes volumes de chuva. Até o dia 14 de dezembro, quinze estações meteorológicas já haviam ultrapassado a média histórica de precipitação para o mês. Cambará, Cornélio Procópio, Guaíra, Londrina, Palotina e Paranavaí destacaram-se no cenário pluviométrico, registrando, em apenas 15 dias, pelo menos 100 mm de chuva acima da média mensal.
