PRF autua quem vende bebida alcoólica na estrada

A proibição do comércio de bebidas alcoólicas às margens das rodovias federais, vigente desde sexta-feira, já gerou 68 autuações a estabelecimentos comerciais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná. Mas a polêmica proibição não tem afetado somente postos, bares e restaurantes localizados nessas rodovias. Outros estabelecimentos, como lojas de bebidas, fábricas e supermercados, estão sem saber o que fazer desde a proibição. 

O comerciante Juarez Antônio Scopel, que possui uma loja de vinhos às margens da BR-277, em Campo Largo, é um deles. Com medo da multa de R$ 1,5 mil e mesmo com a loja não tendo espaço para consumo, ele fechou o estabelecimento, pelo menos enquanto não obtém informações mais concretas sobre o que e como pode vender. Apesar de comercializar também outros produtos, o vinho é o carro-chefe da loja, respondendo por cerca de 95% das vendas. Osmar Renaldin, dono de loja de produtos coloniais em Campo Largo, contou que já teve que fazer duas demissões devido ao problema.

De acordo com Maurício Hugolino Trevisan, da comunicação social da PRF, a proibição não distingue estabelecimentos. ?Inclusive alguns supermercados já foram autuados?, conta. E a fiscalização deve continuar. A PRF mapeou 706 pontos a serem fiscalizados nas rodovias federais no Paraná. Até agora 216 foram visitados.

A única situação em que o comércio é permitido, segundo Trevisan, é no caso de vendas no atacado. ?Se o estabelecimento só vende no atacado e tem registro para tanto, não há a autuação?, informa. Como a loja de Scopel vende vinhos tanto no varejo quanto no atacado, a incerteza persiste. Segundo ele, apenas cerca de metade das vendas são feitas no atacado e, com a proibição, a tendência é que as vendas caiam ainda mais. Isso porque grande parte dos produtos era comprada dessa forma justamente por outros estabelecimentos que vendiam às margens de rodovias.

Não é só Scopel que está apreensivo. Ele conta que tem conversado com muitos de seus concorrentes e todos ou fecharam as portas ou esvaziaram as prateleiras, deixando só outros produtos à mostra. ?Estamos abalados e tristes com tudo isso?, confessa. Ele pretende entrar na Justiça para tentar reaver o direito de vender vinhos em sua loja.

Cláudia Lapuente, gerente de outra loja às margens da BR-277, também optou por cumprir a legislação. ?Estamos em dúvida porque nossa loja não tem acesso direto à estrada. Mas nosso jurídico nos orientou a não vender as bebidas, já que a lei não está muito clara?, conta. De acordo com ela, os vinhos são responsáveis por 70% das vendas da loja, que também comercializa produtos coloniais.

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