Prêmio da OEI destaca três escolas brasileiras

Experiências sobre inclusão desenvolvidas por três escolas públicas brasileiras foram escolhidas pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), entre 230 trabalhos inscritos por países do Mercosul, e dos associados Bolívia e Chile, no concurso Escolas que fazem Escola: por uma pedagogia da inclusão. Ao todo, a OEI selecionou 12 trabalhos, sendo quatro da Argentina, um da Bolívia, três do Brasil, dois do Chile e dois do Uruguai.

O prêmio é a participação de um diretor e de um professor por escola num seminário internacional promovido pela OEI onde eles vão apresentar e debater as inovações desenvolvidas e conhecer os 12 trabalhos selecionados. O seminário acontecerá em novembro, em Atlântida, no Uruguai.

O Brasil inscreveu 54 experiências, das quais foram escolhidas as do Colégio Estadual Novo Horizonte, de Toledo, e do Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá, ambas do Paraná, e do Colégio Estadual Presidente Kennedy, de Belford Roxo, região metropolitana do Rio de Janeiro (RJ). Os critérios de seleção da OEI levaram em conta a relevância pedagógica e social dos projetos, o grau de esforço realizado por diretores e professores, os efeitos das atividades na dinâmica escolar, e a capacidade de comunicação da equipe que descreveu o trabalho desenvolvido.

Novo Horizonte

Situado num bairro da periferia de Toledo, cidade com cerca de cem mil habitantes, no oeste do Paraná, o Colégio Estadual Novo Horizonte desenvolveu uma experiência de incentivo às atividades artísticas e esportivas como saída para combater a violência e melhorar a auto-estima dos alunos, professores e da comunidade. “Mudar a concepção que se tinha do bairro e da escola era o desafio, sobretudo porque os alunos odiavam a escola”, descreve o professor de História e Filosofia Sadi Nunes, um dos autores do trabalho.

O projeto pedagógico inovador começou a ser construído e aplicado em 2001. Tiveram ênfase as atividades artísticas, culturais e esportivas que, em pouco tempo, transformaram a realidade do bairro e destacaram a escola nos eventos do município e do estado. A cada ano a escola realiza festivais de arte e cultura que abrangem mostras de literatura, dança e teatro. Em 2002, o tema central do festival foi os 50 anos de Toledo e em 2003, os dez anos da escola. Como professores, alunos e a comunidade se envolveram nas tarefas o projeto foi crescendo, descrevem os autores.

Leitura

Para incentivar o programa do Ministério da Educação, Tempo de Leitura, alunos e professores elegeram escritores brasileiros patronos para as salas de aula, biblioteca, salas de atividades, de vídeo e de palestras. Assim, o Colégio tem as salas Raquel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski, entre outras, e a sala de atividades, artes e TV chama-se Fernanda Montenegro.

Com o projeto Escola Aberta e a Redução da Violência, a escola passou a tratar de um dos maiores problemas, a violência dentro e fora da sala de aula. Além de não reprimir rebeldes e vândalos que pulavam os muros da escola, a direção passou a dialogar com eles e a convidá-los a integrar os eventos escolares. Certa vez um grupo de infratores veio até a escola pedir para jogar na quadra, recebeu autorização da direção, apesar do descontentamento e escândalo de alguns funcionários que não entenderam a medida.

A resposta foi simples: “com a autorização, eles não vão invadir amanhã e vão continuar respeitando a escola”, dizem os autores do trabalho. Superada a violência externa, a direção se preocupou com a microviolência e a incivilidade internas que também foram vencidas com o diálogo.

Aplicação

O Colégio de Aplicação Pedagógica da Universidade Estadual de Maringá (PR) foi escolhido por sua experiência Agrupamento das Disciplinas, que junta matérias afins e possibilita maior integração dos conteúdos por áreas. Assim, no Colégio de Aplicação, um professor trabalha com as disciplinas de História, Geografia e Ciências; e outro com Português e Filosofia. As demais disciplinas são ensinadas por especialistas.

Ao adotar esse sistema, a escola organizou-se levando em conta nove pontos: ensino fundamental em ciclos para respeitar os ritmos dos alunos; perfil curricular, onde são definidos objetivos, conteúdos, procedimentos e avaliações de cada área e cada ciclo; planejamento em rede, que permite o professor partir de um tema, problematizar a situação e buscar soluções na classe; implantação do ensino de filosofia, que visa construir o pensamento reflexivo; sala por assunto, onde o aluno encontra ambientes apropriados ao estudo, inclusive com material didático; clube de leitores, onde professores e alunos lêem e trocam opiniões; enriquecimento curricular – encontros mensais para reflexão sobre problemas humanos e atualidades; e avaliação – se constitui de um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre o processo de aprendizagem.

Com 950 alunos e 51 professores, o Colégio de Aplicação funciona nas dependências da Universidade Estadual de Maringá, no Jardim Universitário, onde oferece da educação infantil ao ensino médio. Na avaliação da experiência, segundo relato feito a OEI, a escola diz que o agrupamento por disciplinas favoreceu a aprendizagem ao ajudar o aluno a superar as dificuldades, tornou os professores agentes de inovação, além de ter sido bem aceito pelos pais.

Professora de Rio Negro recebe homenagem do Mec

A professora paranaense Jussara do Rocio Heide, que leciona na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida, do Município de Rio Negro, no Paraná, receberá no dia 15 de outubro, Dia do Professor, o Prêmio Incentivo à Educação Fundamental 2004, das mãos do ministro da Educação, Tarso Genro.

Jussara recebe o prêmio por seu projeto educacional Alfabetizando com a Magia do Circo – desenvolvido com alunos da 1.ª série do Ensino Fundamental, moradores de um conjunto habitacional composto por trabalhadores de renda e escolaridade baixas, assim como dificuldade de acesso à cultura, informações ou lazer.

Aproveitando o interesse das crianças pela passagem de um circo na região, a professora desenvolveu seu projeto de alfabetização baseado no universo circense. Por meio de atividades lúdicas de aprendizado e recreação, o projeto levou a alegria do circo para dentro da sala de aula. O envolvimento dos alunos e a crença na capacidade de aprender fortaleceram a auto-estima dos estudantes e despertaram sua imaginação e criatividade. Músicas, mágicas, desenhos e teatros de fantoches desenvolvidos pelos alunos trouxe emoção ao processo de aprendizagem, culminando em um grande espetáculo apresentado pelas crianças para as famílias e toda a comunidade, ultrapassando as fronteiras da escola.

O prêmio, uma iniciativa da Fundação Bunge em parceria com o Ministério da Educação, tem como objetivo reconhecer e divulgar o trabalho de professores de 1.ª a 4.ª série do ensino fundamental da rede pública, que desenvolvem, em sala de aula, projetos pedagógicos diferenciados e que contribuem para a qualidade do ensino.

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