A maioria dos prefeitos e integrantes das administrações municipais não tem um conhecimento amplo da cidade que administram. Eles fazem um planejamento político baseado em conceitos, mas não adotam metodologias e desconhecem a reação da população em relação ao ambiente em que vive. A avaliação é do engenheiro civil Roberto Brandão, que atua em Curitiba e, no fim do ano, estará completando cinqüenta anos de atividade profissional.
Há cerca de três anos, Brandão desenvolveu um projeto denominado “Avaliação de Gestão Urbana e / ou Regional e Impacto Ambiental”. Nele, cita aspectos ligados à gestão pública municipal. Segundo o engenheiro, uma cidade ou região não pode ser vista apenas como uma organização econômica, mas também como uma estrutura de unidades arquitetônicas, como uma instituição administrativa e, acima de tudo, como um organismo social.
“As gestões públicas devem possuir um caminho numérico a seguir, tendo amplo conhecimento da situação em que a cidade ou região se encontra e de onde ela deve ou aspira chegar”, ensina Brandão. “Infelizmente, a maioria das administrações não faz isso, não define que políticas seguir e o que são essas políticas em relação a suas administrações. Dessa forma, as pessoas acabam sem parâmetros concretos para dizer se uma administração foi realmente boa ou ruim. Se baseiam apenas em informações conceituais, muitas vezes transmitidas pela mídia.”
Na visão de Brandão, as cidades também precisam ser administradas de maneira multidisciplinar, isto é, com a participação de engenheiros, arquitetos, ambientalistas, geólogos, entre uma série de outros profissionais. Dessa forma, é possível ter um conhecimento profundo do que existe em todas as áreas da cidade e das reais necessidades de cada uma dessas áreas, sejam elas estruturais ou de serviços. “Muitas vezes, por não terem conhecimentos reais, o que acontece é que as administrações acabam não trabalhando em função daquele que deveria ser o objetivo principal: a qualidade de vida da população”, diz.
O engenheiro civil Roberto Brandão é formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Entre seus trabalhos mais conhecidos está a elaboração do projeto da cidade de Missal, no Oeste do Estado, durante a administração do governador Moisés Lupion. Durante anos, trabalhou no programa Paraná Cidade, sendo contratado para equacionar as definições de gestão pública. Desenvolveu estudos nos municípios paranaenses de Porto Vitória, Verê, Tuneiras do Oeste e Conselheiro Mairinck. Há cerca de noventa dias, terminou uma análise do projeto da Área de Preservação Ambiental do Rio Verde, que corta as cidade de Araucária, Campo Largo e Campo Magro.