População parda cresce no Paraná

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 73,13% da população do Paraná se declara branca, 25,65% negra ou parda e 1,22% amarela ou indígena. Mas o que chamou a atenção dos pesquisadores é que houve um aumento significativo no número de pessoas que se declararam pardas (27,28%), já que na mesma pesquisa realizada em 2000 esse número não atingia 10%.

Para o IBGE, a migração das pessoas que se declaravam brancas para pardas nas duas pesquisas pode ter ocorrido por influência da oferta de vagas reservadas para afrodescendentes nas universidades. O diretor da Associação Cultural de Negritude e Ação Popular, Jaime Tadeu da Silva, também concorda que as cotas raciais estão abrindo possibilidades de os negros se enxergarem dentro da sociedade. ?As pessoas achavam que não tinham oportunidade de entrar em um curso superior, mas o sistema de cotas mudou isso?, disse Silva.

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi a primeira instituição de ensino do Estado a oferecer cotas raciais no vestibular, em 2004. ?Nós vivemos em uma sociedade racista e então a universidade criou o sistema de cotas porque entende que é sua obrigação ser um espaço transformador?, afirmou a pró-reitora de Graduação, Rosana de Albuquerque Sá Brito.

Segundo ela, os resultados dessa medida afirmativa foram surpreendentes, pois apesar de entrarem com um desempenho inferior no vestibular, isso logo se inverte após o primeiro ano do curso. ?Isso demonstra a real necessidade das cotas?, disse Rosana.

Ela também comentou que os negros se evadem menos da universidade. Enquanto a evasão na concorrência geral é de 12% e dos cotistas sociais 6%, dos afrodescendentes é de 4%.

A pró-reitora comentou que o plano de metas de inclusão com o sistema de cotas raciais deverá se estender somente a mais seis vestibulares, ?pois nossa expectativa é que depois de 10 anos essa comunidade esteja preparada para atuar em diversos segmentos e que a sociedade tenha uma outra visão sobre o papel do negro, a de igualdade?. Os cotistas raciais inscritos nos últimos vestibulares da UFPR foram 2.367 (2005), 1.827 (2006) e 1.871 (2007); e o total de alunos em curso chega a 1,2 mil.

Entendendo a própria cultura

Outro fator que pode ter influenciado na condição das pessoas assumirem sua cor, avalia Jaime Tadeu da Silva, foi a aprovação da Lei 10.639, que inclui no currículo oficial de escolas públicas e privadas a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. ?As pessoas começam a se ver nos livros e entender sua participação na história do País, pois um povo que não conhece sua história é um povo sem auto-estima?, declarou.

Segundo Silva, que também coordena um cursinho pré-vestibular para negros, houve um aumento no número de estudantes que procuram a instituição para estudar mais sobre a cultura negra. ?Isso tudo é um processo, e a partir do momento que o negro conhecer sua história e o branco entender sua importância, não haverá mais desigualdades?, ponderou.

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