Ponte da Amizade reabre após 4 dias de protesto

A Ponte Internacional da Amizade, que une Brasil e Paraguai, foi reaberta no início da tarde de ontem. Os manifestantes resolveram acabar provisoriamente com o protesto – que já durava quatro dias – depois que os governos dos dois países garantiram que vão receber a Agenda 19. Esse documento, que trata das possibilidades de crescimento do comércio na região, foi elaborado por autoridades e empresários na noite de quinta-feira, em Foz do Iguaçu.

A agenda abrange dezenove propostas de desenvolvimento para as cidades de Foz e da Ciudad del Este, para que a criação de empregos não se restrinja ao comércio de mercadorias. Caso as negociações sobre essa questão não avancem, a travessia da ponte poderá ser proibida novamente. Os manifestantes paraguaios deram prazo de oito dias para que as medidas comecem a ser colocadas em prática.

A Receita Federal (RF) também concordou em enviar um documento para sua sede nacional, em Brasília, com o pedido dos manifestantes para que a cota de gastos com mercadoria legal comprada no Paraguai suba de US$ 150 para US$ 500. O envio da solicitação para Brasília foi definido depois de uma reunião de cinco horas na sede da RF.

A Receita deverá analisar a viabilidade de aumentar a cota, mas segundo o delegado substituto em Foz, Gilberto Tragancin, não existe qualquer garantia de que haverá alguma mudança. "Vamos encaminhar esse pedido, mas não sabemos qual será a decisão final. Vai depender de uma séria de análises", disse.

Os comerciantes, mototaxistas e perueiros do Paraguai concordaram em liberar o trânsito de pedestres e de veículos por volta das 13h de ontem, mas a "Operação Cataratas", que foi a causa principal do protesto dos paraguaios, prossegue. Nilton Neves, presidente do Sindicato dos Taxistas de Foz, informou que o movimento aos poucos está se normalizando. Ele explicou que foi dada uma trégua por parte dos paraguaios, após a entrega da Agenda 19 para as autoridades, o que seria um meio de solucionar a questão. "Todo ano é a mesma coisa. Vamos ver se agora algo vai ser feito", disse. "É necessário que uma mobilização aconteça para que os governos prestem atenção no caso", completou.

De acordo com a Polícia Federal (PF), no período da tarde de ontem o movimento na travessia da fronteira foi grande, tanto de veículos quanto de pedestres. Parte das lojas de Ciudad del Este que permaneceram fechadas até a manhã de ontem voltou a funcionar. Além da reabertura da ponte, a proximidade do Natal foi outro fator que levou muitas pessoas até Ciudad del Este. Durante o período em que a ponte permaneceu fechada, o comércio do lado paraguaio teve redução de 80%, segundo a RF.

Ministro autoriza construção

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega, autorizou ontem, a construção do terminal alfandegário na margem do Rio Paraná, em Foz do Iguaçu. O governador Roberto Requião esteve na cidade na última quarta-feira e, junto com o governador paraguaio de Alto Paraná, Gustavo Cardozo, assinou a licença prévia do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para a construção do terminal.

Em outubro deste ano Requião recebeu, em Curitiba, uma comitiva paraguaia, liderada por Cardozo, que veio pedir a ajuda do governador para reativar o Porto Franco, uma importante ligação entre o Paraguai e a cidade de Foz do Iguaçu. À época, Requião se comprometeu a conversar com o ministro do Planejamento. Segundo o prefeito de Foz do Iguaçu, Celso Samis da Silva, a prefeitura fez as obras necessários para a ativação do porto no lado brasileiro. "Fizemos a pavimentação do acesso na margem brasileira, mas faltava a infra-estrutura para que a Receita fizesse o alfandegamento do porto", disse o prefeito.

O porto foi desativado na ocasião da inauguração da Ponte da Amizade, na década de 1970 mas, segundo Cardozo, a ponte já não atende mais a demanda da região, onde moram cerca de 200 mil brasileiros. Além do grande tráfego existente na ponte, o governador paraguaio afirmou que é preciso um deslocamento de 25 km para os moradores chegarem até a Ponte da Amizade.

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