Pista do Afonso Pena está 20 anos atrasada

Até o fim deste mês a primeira parte do Estudo de Impacto Ambiental – Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) sobre a ampliação da pista principal do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, deve ficar pronto. Depois, o documento será entregue aos órgão ambientais para a licença. Com a melhoria, os aviões poderão decolar com a carga completa, ajudando a impulsionar a economia do Estado. No entanto, o presidente da Curitiba S/A, Juraci Barbosa Sobrinho, alerta que existe a necessidade de construção de uma terceira pista e que o Paraná já está pelo menos 20 anos atrasado.

Há muito tempo os empresários locais estão pedindo melhorias no Afonso Pena, mas até agora pouca coisa foi feita. Em 1995, o governo do Estado assinou um convênio com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e iria destinar boa parte dos R$ 200 milhões necessários para a construção da terceira pista, mas o acordo venceu em 2000 e não saiu do papel.

Segundo informações da Secretaria de Estado dos Transportes, o governo do Paraná não tem interesse em renovar o acordo e vem pleiteando a verba junto ao Ministério dos Transportes. Além disso, segundo Juraci, desde 2005 a construção da terceira pista está incluída no orçamento da Infraero. A empresa foi procurada, mas só se dispôs a dar uma resposta amanhã.

A pista principal tem hoje 2.215 metros e vai ganhar mais 375, chegando a 2.590. A Infraero estima que a ampliação, incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), fique pronta até 2010. A primeira parte do EIA-Rima deve ficar pronta até meados de novembro. Depois, a Infraero vai anexar um projeto com as obras que deve fazer, baseado no relatório ambiental. Só aí o projeto segue para o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para obter a licença. Após tudo isso, será elaborado o projeto executivo da obra.

Comissão

Há dois meses reiniciaram os trabalhos da comissão suprapartidária, que inclui os prefeitos de Curitiba, Beto Richa, e São José dos Pinhais, Leopoldo Meyer, para conseguir os recursos para terceira pista e para construção de um novo terminal de carga. Para o presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), Walmor Weiss, falta vontade política. ?Faz 15 anos que estou nessa luta. A ampliação da pista ajuda, mas o aeroporto continua regional?, reclama. Além disso, também acha que a ampliação vai demorar muito.

Enquanto o Paraná não tem um aeroporto de grande porte, a economia e a população pagam o ônus. Juraci explica que as empresas multinacionais que importam e exportam produtos acabam perdendo competitividade devido ao gasto com o transporte. Por não ter uma pista de grande porte, os aviões que decolam do Afonso Pena não levam a carga completa. O restante vai de caminhão até São Paulo. ?É o custo Brasil?, lamenta Juraci.

Os problemas com a pista não atrapalham apenas as empresas locais, também não é um atrativo para as que querem se instalar na cidade. ?Um dos quesitos analisados pelas empresas é a infra-estrutura que a cidade oferece e a nossa região perde quando o assunto é o aeroporto?, compara Juraci.

Ele acha que a ampliação da pista já é um alívio, os aviões poderão decolar com carga completa. No entanto, afirma que é imprescindível a construção da terceira pista. ?É preciso sempre se antecipar para o futuro, a infra-estrutura criada hoje atende as necessidades que virão daqui há 10 anos. E já estamos atrasados uns 20 anos. A infra-estrutura vem sempre antes da ocupação?, destaca.

Ele citou, ainda, cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, que investiu no aeroporto. A economia cresceu a tal ponto que a cidade tem hoje oito pistas.

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