Pichações e mau cheiro no marco zero da capital

Antes Largo da Matriz e Largo Dom Pedro II, a praça Tiradentes é a mais antiga e tem mais de nove mil metros quadrados. Além de abrigar a Catedral de Curitiba e homenagens em bronze a Getúlio Vargas, Floriano Peixoto e Tiradentes, a praça guarda o marco zero da cidade. Para quem a conheceu em outras épocas recorda toda a importância que sempre teve. No entanto, hoje, problemas como monumentos pichados, um cheiro desagradável e os delinqüentes impedem que as virtudes da praça sejam vistas.

?A praça Tiradentes sempre foi importante para Curitiba, não somente pela catedral, mas pelo comércio que sempre teve no local. Na época (1930) era a praça das quatro farmácias, de consultórios e médicos?. Essa é apenas uma das boas lembranças que o historiador e médico Lauro Grein Filho registra da praça Tirandentes. Ele ainda conta que, no passado, o logradouro era também palco das comemorações cívicas e religiosas e era muito bem freqüentada. No entanto, o que ele encontra hoje é um espaço bem diferente. ?A praça Tiradentes não é mais palco de festejo e também não tem mais a mesma importância e atenção. Acho que deveria ser mais bem cuidada?, completa Grein.

Mesmo assim, ainda há quem encontra na praça algum atrativo. ?O que atraiu aqui na praça são as pombas que alegram a criançada?, diz Rosângela Moraes, que leva as filhas para brincar com as aves que vivem, em bando, no local. No entanto, a maioria das pessoas que passa ou trabalha na Tiradentes tem dificuldade em apontar o que o logradouro tem de bom. ?No começo era bem boa, mas ultimamente tem muita gente desocupada aqui que assalta e faz tudo quanto é tipo de sujeira nos canteiros: até urinam e defecam?, diz Hermes Pereira Barreto, que há 10 anos trabalha em uma das bancas da praça.

Quase que diariamente, Ariete Campanholi, de 69 anos, tem que passar pela praça Tiradentes. ?O que me incomoda aqui é essa molecada que tem muito aqui. Eu mesma já fui atacada?, lamenta. Questionado sobre o que a praça Tiradentes tem de bom, o taxista Airton Cavanha demorou, mas enfim respondeu. ?O movimento do táxi é bom?, disse. Quando a questão foi o contrário, a resposta veio rápido. ?O paisagismo aqui está meio relaxado e tem muito maloqueiro aqui?, lamenta o taxista.

Revitalização

De acordo com o arquiteto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ariel Stelle, a prefeitura vem trabalhando para que a praça melhore em termos de paisagem urbana. Segundo ele, pelo projeto Marco Zero, inserido no Plano Diretor da região central, as ações de melhoria já começam a ser desenvolvidas. ?É um projeto de requalificação da área central, que tem como foco principal e de partida a praça Tiradentes?, explica Stelle. Segundo ele, a idéia é, a partir da identificação de elementos – tanto sociais, de segurança, quanto estruturais – da praça, desenvolver as ações. A previsão de implantação do projeto é para 2007. ?O projeto está na fase de levantamento dos aspectos sociais e estruturais?, afirma.

Segurança

De acordo com o tenente-coronel da Polícia Militar, Jorge Costa Filho, a praça Tiradentes é freqüente ponto de consumo e comercialização de crack. Ele ainda afirma que os furtos também são comuns no local. ?Quando alguém se descuida, eles pegam uma carteira?, diz ele. Quanto ao comércio de entorpecentes, Costa afirma que o combate é difícil, devido à dificuldade de caracterização do tráfico. ?Eles sempre inventam modos diferentes de disfarçar: como o beijo. Eles se beijam e, no beijar, passam a droga de um para o outro e pagam?, afirma.

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