Pesquisas podem auxiliar agricultores no Paraná

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) está dando continuidade às pesquisas com o genoma da bactéria Herbaspirillum seropedicae. O objetivo é transformá-la em um fertilizante natural capaz de promover o crescimento da planta e o aumento na produtividade de grãos. O uso de outra bactéria no plantio da soja já faz o País economizar US$ 2 bilhões. O governo do Estado sinalizou com a possibilidade de continuar financiando a pesquisa.

A primeira fase foi concluída no ano passado com o seqüenciamento do genoma da bactéria Herbaspirillum seropedicae. Além da UFPR, participaram do Programa Genoma do Paraná (Genopar) outras nove universidades e institutos paranaenses, além da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mas a coordenação ficou a cargo do professor Fábio de Oliveira Pedrosa, professor titular do departamento de bioquímica e biologia molecular da UFPR.

Depois de dois anos e meio de trabalho efetivo de seqüenciamento e registro foram anotados os 5.079 genes presentes no genoma da bactéria. Segundo Pedrosa, esses dados são um valioso banco de informações sobre a biologia do H.seropedicae e podem ser explorados em benefício da agricultura e da sociedade em geral.

A partir de agora, inicia-se um trabalho de garimpo: vão ser selecionados os genes de interesse biotecnólogico, que podem ser usados na área da saúde, despoluição ambiental, agricultura, entre outros. Mas as pesquisas feitas pelo Genopar devem se concentrar na agricultura.

Hoje, sabe-se que a bactéria absorve o nitrogênio gasoso e converte em amônia, que é um fertilizante. ?Vamos fazer modificações pontuais para tornar mais eficiente o processo de fixação do nitrogênio?, fala . Depois de modificada, a bactéria poderá ser misturada as sementes e a medida que a planta cresce a bactéria penetra pelas raízes e coloniza toda a planta. Ela não causa nenhum tipo de doença, traz apenas benefícios.

O professor espera que em dois anos o conhecimento científico seja transferido aos agricultores. Eles vão podem usar menos fertilizantes nitrogenados, que poluem o meio ambiente. O governo do Estado está estudando a criação de um programa para fomentar a fertilização biológica na agricultura paranaense.

O professor titular na área de biotecnologia molecular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Humberto Madeira, também realiza pesquisas com genoma na área da agricultura. Ele estuda a bactéria Chromobacterium violaceum. O seqüencimaneto do genoma já foi feito e ele pesquisa dois genes que conferem resistência a bactéria contra herbicidas. ?Até o fim do ano vamos confirmar a ação deste gene?, fala o professor que também participou da primeira fase do projeto envolvendo a bactéria H.seropedicae.

Depois disso, a idéia é transferir esses genes para as plantas para que venham a apresentar as mesmas características. Segundo ele, os produtores têm muito a ganhar com isto, vão poder usar menos herbicidas. O processo é o mesmo que o apresentado no plantio da soja transgênica da multinacional Monsanto.

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