Uma pesquisa inédita feita pelo Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Qualidade de Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) apontou que a maior parte dos adolescentes, matriculados em escolas públicas do Paraná, não pratica atividade física regularmente, consome quantidades insuficientes de frutas e verduras e, ainda, está cada vez mais consumindo bebidas alcoólicas e aderindo ao tabagismo. A pesquisa abordou 1.818 jovens (entre 15 e 17 anos) em 20 escolas de Curitiba, de julho de 2006 a junho deste ano.
Para o professor de Educação Física da PUCPR e um dos coordenadores da pesquisa, Ciro Romélio Anez, o que mais preocupa é a junção de todos esses fatores que podem ser considerados de grande risco para a saúde. ?Temos a fórmula de uma verdadeira bomba-relógio. Adolescentes e crianças sedentários são potenciais adultos obesos?, afirma. Segundo ele, a proporção de obesos dobrou da década de 60 para cá, em função dos hábitos de vida pouco saudáveis.
A nutricionista e professora da PUCPR, Isabela Ribeiro, diz que a falta de hortaliças e frutas no organismo pode até afetar o bom crescimento celular, que necessita de vitaminas e minerais. Por outro lado, o consumo exagerado de produtos ricos em calorias e pobre em nutrientes, como os refrigerantes, salgadinhos industrializados, fast-food, entre outros, levam à obesidade, que por sua vez pode resultar em outras doenças, como colesterol alto, diabetes e osteoporose.
Na opinião da especialista, buscar soluções em campanhas educativas ou mesmo no ensino nas escolas não surte efeito. ?Estamos diante de uma indústria de alimentos, tabaco e álcool, e só conseguiremos impacto nos adolescentes se tivermos uma legislação rígida com relação a isso, como já temos para os lactentes. Os adolescentes fazem parte de um grupo vulnerável, que precisa de uma rede de proteção com relação à nutrição?, analisa a professora. Para Anez, as facilidades da vida moderna levam a esse quadro. ?Hoje as pessoas não costumam caminhar, só usam o carro ou o ônibus, por exemplo. Precisamos nos conscientizar que o corpo humano foi feito para o movimento?, diz.
Na opinião do professor, os adolescentes recebem a influência de três esferas: família, escola e amigos. Mas, segundo ele, o problema é que os jovens acabam valorizando mais o que os colegas dizem, e não ouvem os pais ou os professores. Para Anez, a escola também pode contribuir no incentivo ao aluno para o consumo de alimentos saudáveis e à prática de exercícios físicos. A pesquisa será disponibilizada para as escolas.
